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Todos os anos no verão com as altas temperaturas, a polêmica sobre a água acumulada no copo das bromélias e o desenvolvimento das larvas da dengue volta à tona. E esse assunto é antigo

O doutor em Botânica e paisagista Eduardo Gonçalves, o @ogrodabiofilia, já abordou o tema na reportagem de capa dedicada às bromélias, ed. 408 da revista Natureza, e vale reforçar:

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“As bromélias demoraram séculos para entrarem no radar do paisagismo tropical, apesar de serem belas, rústicas, versáteis e existirem espécies nativas em quase todos os biomas do Brasil. Então, quando se achou que elas finalmente entrariam em todos os jardins, o uso deste grupo foi descontruído pelo medo dos mosquitos que poderiam se multiplicar por ali.

Em Trinidad & Tobago, nas décadas de 1940 e 1950, milhares de bromélias
nos arredores da cidade foram destruídas ao terem seus tanques pulverizados com produtos à base de cobre. O mesmo foi feito em Santa Catarina, por mais de 30 anos. A partir da década de 1980, no Brasil, um novo movimento começou a condenar o uso de bromélias no paisagismo, baseado no mesmo medo. O problema é que já se provou — por estudos independentes — que o Aedes aegypti, o mosquito da dengue, não gosta do ambiente em bromélias para reprodução. Ainda que outras espécies de mosquitos nativos (lembre-se de que o Aedes é africano) realmente utilizem tais locais para reprodução, nenhuma delas é causadora de doenças urbanas relevantes.

Bromélias são verdadeiros oásis na Natureza. Foto Thorsten Spoerlein Shutterstock

Ainda assim, você pode minimizar a presença de mosquitos em suas bromélias com controle biológico à base de Bacillus thuringiensis israelensis (BTI), uma bactéria que ataca insetos, que pode ser encontrada em lojas de produtos agrícolas.

Tal controle também excluirá outros insetos aquáticos, como as libélulas, mas estas podem se reproduzir em outros locais. Apenas uma dose — geralmente uma pastilha diluída em água —, aplicada nos tanques das bromélias, é capaz de evitar mosquitos por meses. Quando as chuvas estão muito fortes, eu faço aplicações a cada duas ou três semanas, mas a bactéria pode permanecer no tanque por muito tempo.

Se você é o dono do jardim, mantenha uma documentação de uso do produto, para evitar que os técnicos que trabalham com o controle da dengue na sua cidade queiram aplicar outros produtos em suas plantas. Muitos municípios utilizam inseticidas ou água sanitária nas bromélias, que são quase sempre letais para boa parte das espécies. O inseticida pode ainda intoxicar os beija-flores, ávidos consumidores de néctar das flores das bromélias.

Mais do que nunca, ninguém quer incentivar epidemias ou doenças endêmicas, mas erradicar bromélias por pura ignorância ou preguiça de se buscar soluções publicamente aceitáveis é um erro ainda pior. Mantenha suas bromélias sem mosquitos e divulgue isso!”

Para adquirir a edição e ler a reportagem sobre bromélias na íntegra, acesse www.europanet.com.br ou ligue (11) 3038-5050, (11) 95186-4134 (WhatsApp).

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