Dá água à casca, as indústrias alimentícia, cosmética, de paisagismo e de decoração aproveitam todas as partes do coco

– Por Talyta Stella Vespa

Intimamente ligado às paisagens tropicais, o coqueiro (Cocos nucifera) é conhecido em todo o mundo não apenas por ser ornamental, mas também por seus frutos saborosos, dos quais tudo se aproveita. Embora no Brasil ele seja chamado de coco-da-baía, de baiano não tem nada: sua origem é incerta e a hipótese mais plausível é a de que a palmeira tenha surgido no sudeste asiático, na região do Pacífico. “Há quem diga que o coco chegou ao Brasil trazido pelas correntes marítimas. Porém, como não há registro de sua presença antes de 1553, é provável que tenha sido introduzido pelos portugueses”, diz o biólogo e paisagista Eduardo Gonçalves. A crença de que o coco chegou aqui flutuando e o fato de ele ser cultivado principalmente na orla marítima fez com que muita gente acreditasse que a planta aprecia solos ricos em sal e passasse a acrescentar o produto ao substrato. A medida, porém, além de ser errada, pode prejudicar o desenvolvimento da muda.

TAMANHO NÃO É TUDO 

Existem três tipos principais de coqueiro: o coqueiro-gigante, que passa dos 30 m de altura e é o mais conhecido; o coqueiro-anão (Cocos nucifera ‘Nana’), produzido por melhoramento genético e que mede, no máximo, 12 m de altura; e o coqueiro-híbrido, resultado do cruzamento entre os outros dois, cuja palmeira chega a 25 m de altura. Essa última espécie é menor que a gigante, mas produz frutos maiores. Já o coqueiro-anão, embora seja o mais baixo dos três, não recebeu esse nome devido a seu porte, e sim porque frutifica mais cedo: os primeiros cocos surgem dois anos após o plantio, enquanto o coqueiro-gigante demora pelo menos quatro anos para frutificar. O número de cachos com frutos que ele produz também é maior: 14, contra 12 dos demais coqueiros. Por esse motivo, a espécie é a preferida de quem cultiva a frutífera com fins comerciais, e também dos paisagistas, já que seu porte compacto se adapta melhor a jardins.

SUCESSO ABSOLUTO

Seja qual for o coqueiro cultivado, o fruto é sempre o mesmo: o coco, que pode ser consumido ainda verde – no caso do coqueiro-anão há variedades com a casca verde, amarela e vermelha – ou maduro, quando passa a apresentar a casca marrom.

O coco verde é usado principalmente para a extração da água de coco, pois, conforme o fruto amadurece, a quantidade de líquido em seu interior diminui. Já do coco maduro aproveita-se a polpa, uma massa branca úmida protegida sob a casca dura e que pode ser consumida in natura ou usada no preparo de receitas doces e salgadas. No paisagismo, os coqueiros são amplamente explorados em jardins tropicais, podendo aparecer isolados, em grupos ou enfileirados ao longo de alamedas. Geralmente são acompanhados de outras espécies tropicais, como helicônias e bromélias, pois elas requerem as mesmas condições para se desenvolver. São uma ótima opção para jardins à beira-mar e muito usados no paisagismo no entorno de piscinas, pois não sujam a água com suas folhas.

MIL E UMA UTILIDADES

As propriedades do coco são tantas que o fruto é usado não apenas como alimento, mas também para curar problemas de saúde e como matéria-prima pelas indústrias de cosméticos, paisagismo e decoração. Rica em sódio e potássio, a água de coco trata a desidratação e repõe os sais minerais perdidos na atividade física. Já para combater as náuseas da gravidez e evitar a retenção de líquido pode-se recorrer tanto à água quanto ao fruto. “A polpa do coco maduro contém fibra e gordura que ajudam a saciar a fome”, diz a nutricionista Cássia de Marcos. Foi a partir dessa gordura que se desenvolveu o óleo de coco, considerado por muitos o melhor para cozinhar, já que não oxida. Na cosmética, o coco está presente nas receitas de hidratantes e sabonetes. Já no paisagismo a fibra extraída do fruto é usada como substrato para orquídeas e na fabricação de vasos e painéis, entre outros produtos. Os artesãos e as indústrias de móveis e revestimentos, por sua vez, têm na casca do coco a matéria-prima para elaborar joias, cadeiras, pisos e muitos outros produtos.

Os coqueiros valorizam a piscina e não sujam a água. À esquerda, o projeto de Léo Laniado | Fotos: Valerio Romahn


COCO EM DETALHES

• Nomes científicos: Cocos nucifera e Cocos nucifera ‘Nana’
• Nomes populares: coqueiro, coco-da-baía, coqueiro-anão
• Família: arecáceas
• Origem: cientificamente desconhecida
• Características: são palmeiras de tronco liso e copa composta por folhas grandes. O coqueiro-anão mede entre 10 m e 12 m de altura, o gigante pode atingir até 30 m e o híbrido tem cerca de 25 m
• Folhas: esverdeadas, medem entre 4 m e 6 m de comprimento
• Flores: pequenas, agrupam-se em inflorescências e não têm valor ornamental
• Frutos: são drupas de formato globoso a ovoide que secretam uma amêndoa (a polpa do coco) e água. Quando imaturos, podem ter a casca verde, amarela ou vermelha. Já quando maduros, ficam marrons. Eles demoram 12 meses para se desenvolver completamente (o coco verde pode ser colhido com seis meses) e amadurecem ainda no pé
• Luz: sol pleno
• Solo: arenoso ou arenoargiloso, bem drenado e com profundidade entre 1 m e 2 m
• Clima: tropical quente e úmido
• Plantio: abra berços triangulares com 60 cm de lado e 60 cm de profundidade. Acomode a muda e preencha o espaço com 5 kg a 10 kg de adubo orgânico. Aplique também 200 g de superfosfato simples na superfície
• Regas: diárias
• Adubação: a cada três meses, aplique 700 g de nitrocálcio e 250 g de cloreto de potássio. Também é recomendável, uma vez ao ano, sempre no período que antecede as chuvas, adicionar a cada planta 40 litros de esterco de curral, 200 g de superfosfato simples, 100 g de cloreto de potássio e 50 g de cloreto de sódio
• Podas: anuais, apenas para a remoção das folhas secas
• Reprodução: por sementes

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