Canteiros repletos de flores compõem um cenário de sonhos nesta casa de campo

– Por Gabi Bastos | Fotos Valerio Romahn | Projeto Toni Backes

É impossível não se encantar com este jardim, que envolve uma charmosa casa de campo. Canteiros sinuosos repletos de flores coloridas – as espécies floríferas são maioria entre as cerca de 70 plantas usadas no jardim – recepcionam os visitantes. “Os canteiros foram planejados como pinturas, levando em consideração a cor, o formato e a textura das plantas para criar uma composição repleta de contrastes”, diz o engenheiro agrônomo e paisagista Toni Backes. O resultado é surpreendente.

COMBINAÇÃO DINÂMICA

O canteiro na frente da casa mede 80 m² e circunda várias araucárias (1). Ele foi planejado com 80% de espécies perenes – que têm ciclo de vida longo – e 20% de plantas anuais – que perecem após a florada e precisam ser substituídas. Essa composição garante uma paisagem dinâmica, com flores e cores diferentes o ano todo, mas também requer manutenção constante.

Na primavera, as cores que mais se destacam são o roxo e o amarelo da perene mini-petúnia (Calibrachoa ‘Noa Blue Legend’) (2) e do anual miniamor-perfeito (Viola cornuta F1 Hybrid) (3). Também enfeitam o jardim as flores do tapete-inglês (Sedum anglicum) (4) e da espireia-japonesa (Spiraea japonica ‘Anthony Watereri’) (5), ambas plantas perenes. “Nas demais estações do ano, outras espécies perenes florescem e as anuais são substituídas por flores diferentes, o que altera o colorido do jardim”, diz Backes.

Além das flores, o paisagista levou em conta a textura e a cor das folhagens na hora de compor o canteiro. Destacam-se as folhas vermelhas-sangue do ácer-japonês (Acer palmatum var. atropurpureum) (6), azul-acinzentadas da tuia-jacaré-azul (Juniperus horizontalis ‘Glauca’) (7) e o formato curioso do aspargo-rabo-de-gato (Asparagus densiflorus ‘Myersii’) (8).

Plantado em meio às flores, o aspargo-rabo-de-gato chama a atenção com sua folhagem ornamental

VISÃO PRIVILEGIADA

Um dos aspectos que valorizam o jardim é o declive natural do terreno. “Plantar em uma área com desnível permite observar a beleza de todas as plantas”, diz Toni Backes. Para quem vê o canteiro de baixo, o primeiro plano é dominado pelo bálsamo (Carpobrotus edulis) (9), uma suculenta muito florífera. Também é possível apreciar a beleza do miniamor-perfeito (10) e da espireia-japonesa (11).

Na lateral da casa, uma jardineira ajuda a integrar a construção ao paisagismo. Nela são cultivadas duas espécies pendentes: brinco-de-princesa (Fuchisia hybrida) (12) e hera-da-algéria (Hedera canariensis ‘Gloire de Marengo’) (13).

Graças ao declive do terreno, é possível apreciar todas as plantas do canteiro

UMA BELA SURPRESA

Quando preparava o solo para implantar o jardim, Toni Backes encontrou uma rocha enorme próximo à casa. Em vez de removê-la, o profissional decidiu usar a pedra como base para um cantinho acolhedor. “É importante ter sensibilidade para alterar o projeto paisagístico quando necessário. Esta pedra acabou valorizando o jardim”, diz.

A pedra encontrada no terreno virou um cantinho aconchegante

Para integrar a rocha ao jardim, o profissional plantou no local suculentas ornamentais, que se espalham rapidamente pelo solo. Estas plantas se adaptam bem a terrenos arenosos e podem ser cultivadas até em rachaduras e nos vãos entre pedras. Duas das espécies escolhidas foram a estrelinha-gorda (Sedum acre) (14), que apresenta pequenas flores estreladas e amarelas, e a delosperma (Delosperma dyeri ‘Red Moutains’) (15), cujas flores avermelhadas se parecem com as das margaridas.

A saleta de estar sobre a pedra segue o estilo rústico do jardim: os bancos foram feitos com o tronco de uma araucária que precisou ser retirada do terreno para a construção da casa.

Suculentas como a delosperma (no meio) e a estrelinha-gorda (à direita) vão bem nos vãos entre as pedras

PAISAGEM CONTÍNUA

A impressão que se tem é de que a entrada de carros cortou o canteiro, dividindo-o em duas partes. “Para conseguir este efeito utilizei as mesmas espécies nos dois lados do percurso”, conta Backes. Entre as plantas selecionadas estão a mini-petúnia (16), o aspargo-rabo-de-raposa (17), a lavanda-francesa (Lavandula dentata) (18) e o alecrim-rasteiro (Rosmarinus officinalis ‘Prostratus’) (19).

Outro fator que contribui para a identidade visual dos canteiros são as pedras usadas como bordadura. Típicas da região, elas são uma referência à grande rocha encontrada perto da casa.

O uso das mesmas espécies em ambos os lados do caminho harmonizou a paisagem

O aspargo-pluma e o alecrim-rasteiro parecem ter crescido entre as pedras

[wpcs id=9559]