Na exuberância de seus 200 anos, o Royal Botanic Gardens encanta pela beleza e é um programão para toda a família
– Por Roberto Araújo
Não é só pisar na grama. Também dá para namorar, fazer um lanche, deixar as crianças gritarem e correrem. As árvores são cultivadas para serem tocadas, as flores, cheiradas, e alguns avisos incentivam a prestar atenção ao canto dos pássaros. Cada pessoa que entra no Royal Botanic Gardens de Sidney, na Austrália, está se conectando com o mundo natural, e tudo ali foi feito para saciar a paixão dos visitantes pelas plantas e flores.
E como sacia! Passei uma tarde por lá, mas poderia passar muito mais tempo, tantos são os encantos e belezas a serem explorados. A localização é esplêndida: no centro da cidade. Começa junto à Opera House e acaba nas praças do centro comercial de Sidney.
Há 200 anos o Botanic melhora a vida dos australianos. Charles Darwin passou por lá em 1836, 23 anos antes de escrever seu famoso A Origem das Espécies, e gostou do que viu. Devido ao clima local, muitas das plantas são bem conhecidas dos brasileiros. E, em cada canto, o que se vê é uma lição de jardinagem e de paisagismo. Mas o Royal Botanic Gardens é, acima de tudo, um jardim que encanta as 3,5 milhões de pessoas que passam por lá anualmente, seja para brincar, almoçar, tirar fotos, fazer festas, casar… ou levar as lembranças da Natureza exibidas na exuberância da juventude dos 200 anos de vida do parque.
FIGUEIRA DAS CRIANÇAS
Por muitos e muitos anos as crianças aventureiras se penduraram nos galhos desta Ficus macrophylla. Agora, porém, ela está cercada para sua própria preservação e só pode ser apreciada de longe. É, certamente, uma fábrica de lembranças.
A QUEDA DO DRAGÃO
Foi um dia triste para os botânicos do Royal Gardens. Depois de anos de seca, fortes chuvas derrubaram o sangue-de-dragão (Dracaena draco) de mais de 100 anos. Acharam que ele iria morrer, mas resolveram respeitar a vontade da Natureza: se a árvore caiu, que continuasse assim. Deu certo, e, tombada, ela se tornou uma das maiores atrações do local.
GARRAFONA DE ABORÍGENE
De longe o tronco gigantesco chama a atenção. É a árvore-garrafa-de-Queensland, ou Brachychiton rupestris. Nativa da floresta tropical australiana, prudentemente guarda a água da chuva para a época da seca. É nessa espécie que os aborígenes matam a sede. Ah, e as raízes cheias de amido são comestíveis, assim como as sementes.
ALEGRIA DOS FOTÓGRAFOS
Pela diversidade de cenários, o Botanic Gardens é muito usado para a celebração de casamentos, produção de comerciais e filmes e o que mais alguém sonhar. Tem estrutura para receber caminhões de materiais, bufês e tudo que for preciso. Existem regras e é tudo pago. Uma produção comercial simples, com uma câmera e um tripé, custa cerca de R$ 420. Para usos não comerciais, fotos e filmagens estão liberadas
LIÇÃO DE PAISAGISMO
Uma das coisas mais difíceis de explicar para os jardinistas iniciantes é como fazer canteiros coloridos com folhagens. No Royal Botanic Gardens, a lição é prática: o roxo-escuro da batata-doce-ornamental-roxa (Ipomoea batatas ‘Sweet Caroline Sweetheart Purple’) (1) contrasta com o amarelo claro da batata-doce-ornamental-verde (Ipomoea batatas ‘Marginata’) (2), que é bem diferente do verde-escuro da brasileiríssima orelha-de-onça (Tibouchina heteromalla) (3), que ainda dá cachos de flores roxas.
ELA DISSE SIM
Casal romântico de australianos se casa mesmo é no Rose Garden (jardim das rosas). Não é só pelo caminho com rosas e canteiros floridos ao redor, mas também pela praticidade da cozinha e dos banheiros na área coberta. O local acomoda até 200 pessoas e custa a ninharia – para casamentos – de R$ 2.500. As cerimônias mais bonitas acontecem de setembro a maio, quando as rosas estão floridas.
A ARTE E A BELEZA EM NÚMEROS
Tudo impressiona no Botanic Gardens: são 36 belíssimas esculturas distribuídas pelos 30 hectares de terreno e rodeadas por 8.900 espécies, sendo 3.964 árvores. No herbário, estão preservadas 1,2 milhões de plantas. A árvore mais antiga – um mogno-do-campo (Eucalyptus robusta) plantado em 1816 – fica na rua ao lado do botânico.
AS ESPERTAS CACATUAS
Para as cacatuas, os visitantes do jardim se dividem em dois grupos: os que têm comida e os que não têm. Dos primeiros, elas se tornam amigas rapidamente e sobem no braço, usam cabeças como poleiros e, principalmente, comem na mão. A tampala (Amaranthus tricolor) (1) é uma das espécies que dão cor e beleza ao jardim real.
DO BRASIL A MADAGÁSCAR
A bromélia-imperial-rubra (Vriesea imperialis ‘Rubra’) (1) foi da Serra dos Órgãos, RJ, direto para o jardim real, onde aparece forrada pela boa-noite (Catharanthus roseus) (2), de Madagáscar. Lá, existe o destaque de “Planta do Mês” e é uma oportunidade de mostrar aos visitantes algo novo. Em maio de 2016, o destaque era a fruta-pão-das- montanhas (Ficus dammaropsis) (3), com suas folhas gigantescas de até 1 m.
PROGRAME SUA VISITA
• Onde fica: Mrs Macquaries Road Sydney NSW 2000
• Horário de funcionamento: varia conforme o período do ano. A tabela completa de horários está em www.rbgsyd.nsw.gov.au/Visit/Opening-Times
• Entrada: gratuita
• Mais informações: www.rbgsyd.nsw.gov.au/Home