
Sustentabilidade e delicadeza marcam o projeto de Paula Varga, que reflete a paisagem do Parque da Água Branca em espelhos e memórias afetivas
POR: Aida Lima FOTOS: Divulgação
A CASACOR São Paulo 2025 acontece pela primeira vez no Parque da Água Branca, na zona oeste da capital, ocupando os prédios históricos tombados do conjunto, com mais de 70 ambientes distribuídos entre salas, jardins e áreas de apoio. Antes da abertura, moradores e associações de bairro manifestaram preocupação com a possível descaracterização da mata nativa, especialmente nas áreas externas. A organização, porém, afirma ter adotado critérios técnicos rigorosos para a escolha dos espaços verdes, com acompanhamento de especialistas e garantia de que nenhuma intervenção permanente foi feita no terreno. Todos os jardins foram montados com vasos e floreiras sobre o piso existente, e a desmontagem prevê a devolução integral do parque em seu estado original.
O tema desta edição, Semear Sonhos, orienta projetos mais sustentáveis, acessíveis e integrados ao espaço urbano.
Jardim com memória

O Jardim Espelho dos Sonhos, assinado por Paula Varga, transforma um espaço de 47 m² em um ambiente de convívio e contemplação que valoriza a vegetação nativa do parque. Inspirada pela suntuosidade das árvores existentes, especialmente um raro exemplar adulto de pau-Brasil que proporciona sombra e proteção, Paula integrou o antigo e o novo para convidar o visitante a refletir sobre a beleza do lugar e sua importância para a cidade.

Espelhos criados a partir de vitrais de demolição reproduzem a estética do prédio histórico e trazem a mata para dentro do jardim, reforçando a conexão entre natureza e arquitetura. Ladrilhos hidráulicos resgatam memórias afetivas e ajudam a criar um cenário acolhedor e poético.
Atenção aos detalhes
O espaço também conta com três poltronas Ciranda, da Areka’a, esculpidas em madeira de manejo legal, além de tocheiros, uma fonte de granito apicoado e vasos vietnamitas. Ninhos de cerâmica assinados por Patricia Degan completam a cena com delicadeza e simbolismo: inspirados nas construções de pássaros brasileiros, representam amor, proteção e convivência íntima.


Para o paisagismo, Paula escolheu espécies de baixa exigência hídrica, que dialogam com a vegetação do parque. São palmeiras-fênix, pacovas, filodendros, agaves e samambaias, além de outras tropicais.

Sobre Paula Varga

Formada em 2001 em Arquitetura e Urbanismo, Paula descobriu a paixão pelo paisagismo ainda na faculdade e, desde então, tem se especializado com cursos em Barcelona, Grenoble e Paris. Sua vivência prática começou na empresa de plantas ornamentais do avô, experiência que a aproximou da flora desde cedo. Com 23 anos de carreira, já executou mais de mil obras no interior de São Paulo, em outros estados e no exterior.
Programe-se
CASACOR São Paulo 2025
Parque da Água Branca — Rua Dona Ana Pimentel, 37, portaria G4
De 27 de maio a 3 de agosto de 2025
Terça a domingo, das 11h às 21h
Bilheteria física até 19h | Instagram