Inspire-se nas estruturas criativas e nas dicas para integrar os espaços desse grande jardim
– Por Gabi Bastos | Fotos Valerio Romahn | Projeto Anna Maria Prado Dantas
Duas soluções foram utilizadas para harmonizar os espaços de uma fazenda de 150.000 m². Uma foi transplantar as espécies de grande porte para áreas onde o campo era muito aberto, caso da grevílea (Grevillea robusta) (1) de mais de 10 m de altura que se destaca na foto acima. Outra foi criar grandes maciços de plantas perenes, que podem ser vistos de longe e são fáceis de manter.
“Na primavera e no verão, são as herbáceas que dão cor ao jardim, principalmente o lírio-amarelo (Hemerocallis lilioasphodelus) (2) utilizado em todos os espaços. No outono e inverno essa função é das árvores, como a grevílea”, conta a paisagista Anna Maria Prado Dantas. Na parte estrutural, destacam-se uma piscina, um extenso caramanchão e 36 arcos floridos. Confira a seguir:
ENTORNO DA PISCINA
A principal área de lazer do jardim é a piscina. Localizada na frente da casa, ela mede 15 m de diâmetro e foi bordada por pedras claras para se destacar no paisagismo. Ao lado da piscina, um gazebo de alvenaria fechado por vidros abriga uma cozinha gourmet, uma sala de ginástica e outra com home theater.
Para se integrar ao jardim, o gazebo teve a frente bordada por um canteiro de tritoma (Kniphofia uvaria) (3) – herbácea ornamental, mas pouco usada no paisagismo – e por espécies de porte vertical como palmeira-tamareira (Phoenix canariensis) (4). Próximo dali, existe uma palmeira-imperial-de-porto-rico (Roystonea borinquena) (5), espécie pouco comum no Brasil, de até 15 m de altura e com um caule dilatado no meio.
LÍRIOS E CANTEIROS DE FLORES
Como elemento de integração dos espaços, o lírio-amarelo (Hemerocallis lilioasphodelus) (6) borda caminhos e compõe canteiros com, pelo menos, 100 m de extensão em diversos pontos da fazenda. “Essa herbácea rústica fica florida por toda a primavera e o verão e multiplica-se por divisão de touceira. A maioria dos lírios plantados na fazenda foi reproduzida dessa maneira”, diz Anna Maria Dantas.
Como o lilás é cor complementar do amarelo – um destaca a tonalidade do outro –, espécies como lavanda (Lavandula angustifolia) (7) e agapanto (Agapanthus africanus) (8), que florescem na mesma época do lírio-amarelo, foram escolhidas para compor outros canteiros do jardim. “Os formatos orgânicos dos canteiros acompanham a topografia levemente acidentada do terreno e dão movimento ao grande jardim”, conclui a profissional.
ARCOS DE FLORES
A entrada da fazenda não podia ser mais agradável. Além de margear um lago e um bosque de eucaliptos, a estrada de acesso à casa foi decorada com 36 arcos de primaveras vermelhas (Bougainvillea spectabilis) (9). A espécie, famosa pela sua florada espetacular, foi conduzida por estruturas de ferro chumbadas ao chão, 10 m distante uma da outra.
Os arcos foram integrados ao gramado por um extenso canteiro de lírios-amarelos (Hemerocallis lilioasphodelus) (10). “A herbácea é perene, mas para manter os canteiros sempre com uma florada vigorosa, recomendo refazê-los a cada quatro anos”, dá a dica Anna Maria Dantas.
ESTRUTURA EXTENSA E FRUTÍFERA RARA
O caramanchão que borda uma quadra de tênis fechada por uma cerca viva de hibiscos (Hibiscus rosa-sinensis) (11) é extenso e recebeu uma frutífera muito exótica: a laranja-trepadeira (Citrus sinensis ‘hybrid’) (12). A estrutura feita de eucalipto autoclavado, tratado com óleo queimado para não apodrecer, mede cerca de 20 m de extensão e foi coberta por um aramado para receber pés da exótica frutífera. A trepadeira dá frutos de sabor igual ao da laranja tradicional e apresenta ramos pesados, daí o caramanchão ser reforçado. Rara de encontrar, a laranja-trepadeira deve ser conduzida por amarrilhos e cultivada em solo rico em matéria orgânica. A espécie suporta regiões de clima tropical e subtropical.
CANTEIROS CONTRASTANTES
Plantas de textura, formas e portes variados marcam o paisagismo da entrada da casa. Um deles é composto por palmeiras-azuis (Bismarckia nobilis) (13) forradas por barbas-de-serpente (Ophiopogon jaburan ‘Vittatus’) (14), plantas de folhas verde-acinzentadas que contrastam por apresentar tamanho e formato diferentes. Próximo dali, outro canteiro recebeu capim-do-texas (Pennisetum setaceum ‘Atrosanguinea’) (15) e gardênia (Gardenia augusta) (16), espécies de porte parecidos, que se diferenciam pelo colorido e formato das folhas. Enquanto o capim-dotexas apresenta folhas lineares e marrom-avermelhadas, a gardênia possui folhagem verde e compacta. Cobrem a laje da casa, vigorosas congeias (Congea tomentosa) (17).