Para apresentar suas flores de colorido vibrante, as masdeválias exigem tratos diferentes das orquídeas tradicionais
TEXTO JANETE TIR | FOTOS VALERIO ROMAHN
Suas flores são pequenas – têm em média 4 cm – e não exalam nenhum perfume. Mas seu formato de cálice, proporcionado por três sépalas triangulares com uma ‘cauda’ longa, e seu colorido vibrante fazem as masdeválias serem adoradas pelos amantes de orquídeas. Outra curiosidade da planta é que suas pétalas e labelo, importantes para a definição científica, são bem pequenos e ficam escondidos dentro da flor.
“As masdeválias têm fama de difíceis de cultivar. Mas a verdade é que elas exigem tratos diferentes das espécies mais conhecidas, como falaenópsis e catleias, para se desenvolverem saudáveis e florescerem. E muita gente não sabe disso”, explica o orquidólogo Erwin Bohnke. Isso se justifica pela composição da planta. A espécie não apresenta pseudobulbo – como a maioria das orquídeas –, mas folhas com caule fino que saem direto do sistema radicular, estrutura chamada de ramicaule, que permite sua sobrevivência com poucos nutrientes.
Na Natureza, as masdeválias podem ser encontradas tanto no solo quanto presas a árvores ou em vãos de pedras, pois se alimentam apenas das substâncias liberadas pelos musgos que crescem nesses locais. Em casa, devem ser plantadas em substrato preparado com partes iguais de pedras de construção (brita no 1) e musgo ou esfagno, em vasos de plástico por reterem mais a umidade.
As regas precisam ser diárias, com pouca água e as adubações, esporádicas. “O uso excessivo de fertilizantes é um erro comum, pois a maioria das orquídeas exige esse trato. Indico no máximo uma adubação trimestral, com uma colher de café de NPK 20-20-20, dissolvida em 5 litros de água”, ensina Erwin. Outro cuidado importante é replantar essas orquídeas duas ou três vezes por ano. Caso contrário, o substrato começa a apodrecer e soltar substâncias que deixam as folhas com as pontas amareladas ou repletas de pontinhos pretos.
Originárias das regiões montanhosas do Norte da Costa Rica, Panamá, Cordilheira dos Andes e algumas partes da Mata Atlântica brasileira, as masdeválias são típicas de clima com temperaturas entre 12 °C e 13 °C, mas suportam até 25 °C, desde que sejam cultivadas em local bem ventilado, sob meia-sombra. O sol dos horários mais quentes do dia e a temperatura alta favorecem o aparecimento de lesmas, cochonilhas, caramujos, ácaros e fungos que podem prejudicar o desenvolvimento da planta.
O gênero Masdevallia foi descrito em 1794 por Ruiz & Pavon em homenagem a José Masdeval, botânico e médico do Rei Carlos III, da Espanha. Hoje, além das mais de 500 espécies de Masdevallias registradas, existem inúmeros híbridos da planta. Todas podem florescer mais de uma vez, de junho a dezembro. “Para estimular a brotação, não retire as hastes que estiverem verdes, porque elas voltam a florir no próximo ano e, às vezes, até no mesmo ano. Só corte quando estiverem secas”, dá a dica Gerson Gonçalvez Veiga, do Orquidário Binot.
MASDEVÁLIA EM DETALHES
- Nome científico: Masdevallia
- Nome popular: masdevália
- Família: orquidáceas
- Origem: regiões de altitude das Américas Central e do Sul
- Características: orquídeas desenvolvidas por cruzamentos, compostas por ramicaules eretos, com hastes florais que saem de suas bases
- Flores: formadas por três sépalas grandes, com ‘cauda’, que formam um cálice. As pétalas e o labelo são pequenos e ficam escondidos dentro da flor
- Luz: meia-sombra
- Substrato: mistura de musgo ou esfagno com pedra de construção, brita nº 1
- Clima: com temperatura que varie entre 10 ºC e 25 ºC
- Regas: diárias, com pouca água
- Adubações: trimestrais, com uma colher de café de NPK 20-20-20, diluído em 5 litros de água