Vaso certo

A grande ideia do vaso é simular uma porção do solo onde as plantas vivem na natureza, mas uma simulação é sempre uma versão simplória da realidade. Ao limitar o tamanho máximo que um
conjunto de raízes pode ter, isso certamente interfere negativamente na qualidade total do crescimento.
O vaso não só vai ter quantidades limitantes de espaço, água e nutrientes, mas também vai ser um ambiente mais instável. Ele pode esquentar, esfriar ou mesmo secar mais rápido do que aquela mesma quantidade de substrato faria se estivesse, por exemplo, imersa no chão.

Ao falar de plantas em vasos, tamanho é documento, mas só até certo ponto. Por um lado, não existem dúvidas de que, quanto maior o vaso, menor será a limitação, tanto de nutrientes quanto de espaço físico para as raízes. Entretanto, o bom senso não pode ser esquecido. Será mesmo que, sob este ponto de vista, um vaso do tamanho de uma caixa d´água de 5.000 litros seria o vaso dos sonhos para uma violeta-africana (Streptocarpus ionanthus) de 14 cm de altura?

Não é bem assim. Primeiro por razões práticas: se uma das principais qualidades do vaso é ter uma planta que pode ser movida, quem iria querer um item “portátil” pesando 3 toneladas? Aliás, é só imaginar o custo e o trabalho de colecionar plantas em vasos assim… Contudo, não é só pela completa falta de praticidade que o tamanho do vaso deve ser limitado.


Na natureza, muitas plantas que usamos como ornamentais crescem em porções limitadas de substrato, sobre as folhas secas do chão das florestas ou mesmo em pequenos bolsos cheios de húmus sobre rochas. Para estas plantas, quantidades muito grandes de substrato não só não seriam sequer aproveitadas, como também apresentariam desvantagens específicas, como segurar mais umidade por mais tempo, causando apodrecimento de raízes ou problemas similares. Sendo assim, é certo que você não vai querer limitar suas plantas com vasos muito pequenos, mas também não precisa se torturar
pensando que poderia oferecer condições melhores para suas verdinhas.

A ideia é que existe um ponto de equilíbrio. Este equilíbrio leva em consideração algumas coisas, que vai
envolver tanto o comportamento fisiológico da planta e até sua morfologia, como envolve também razões estéticas e, é claro, limitações econômicas, já que recursos e espaço são sempre restritos.