– Por Toni Backes

Ah, essa planta gosta de frio! Então vai bem lá no Sul. É assim, com base na temperatura, que muita gente decide o que plantar ou não no jardim. Depois, fica se perguntando por que aquela azaleia que estava tão linda em Canela, RS, não vingou em jardim próximo ao mar em Atlântida, a apenas 60 km em linha reta dali.

Não, a culpa não é só da temperatura. É também do vento nordeste, que sopra forte em todo o litoral do país; e da maresia, que cria uma espécie de capa de sal sobre a folhagem. Juntos, os dois são altamente ressecantes e queimam sem dó as folhas das plantas ornamentais. Só mesmo as mais rústicas conseguem resistir. Na dúvida sobre o que plantar na costa, dê preferência às suculentas – agaves, iúcas, babosas e onze-horas; aos cactos; e a gramíneas como o capim-chorão (Eragrostis curvula) e o capim-do-Texas (Cenchrus setaceus). Todas elas resistem bem ao vento e à maresia, e crescem até em solos mais pobres em nutrientes.

Quer cultivar espécies mais sensíveis? Então procure protegê-las com esteiras verticais de bambu, madeira ou tela nos primeiros meses. As cercas vivas também são uma ótima pedida para resguardar plantas menos resistentes ao sol e ao vento – para formá-las, opte por arbustos e arvoretas como os hibiscos, o pitósporo (Pittosporum tobira ‘Variegatum’), a mimosa-dourada (Acacia trinervis) e a aroeira-mansa (Schinus terebinthifolia).

Nas regiões serranas do Sul e Sudeste – que é onde se concentram meus projetos – os desafios são outros: grandes variações climáticas ao longo do ano, com direito a temperaturas abaixo de zero; ventos fortes; e muita chuva, umidade e nebulosidade. Isso sem falar que o sol, que tanta falta faz no inverno, vem com tudo no verão.

As espécies à prova de erro para essas condições são arbustos nativos como a farroupilha (Justicia floribunda), as caliandras, os manacás, a quaresmeira-da-serra (Tibouchina serrana) e a érica-silvestre (Galianthe brasiliensis); e os exóticos pitósporo, abélia (Abelia × grandiflora), lavanda (Lavandula dentata), azaleias e hortênsias. As coníferas, que deixam a paisagem com a cara dos jardins do hemisfério Norte, também são muito bem-vindas, assim como as palmeiras de clima frio butiazeiro (Butia eriospatha), palmeira-moinho-de-vento (Trachycarpus fortunei), palmeira-tamareira (Phoenix canariensis) e jerivá (Syagrus romanzoffiana). Watch Full Movie Online Streaming Online and Download

Quem quiser até pode se arriscar no cultivo de algumas plantas mais sensíveis nas montanhas, desde que elas fiquem protegidas do frio nos primeiros anos de vida – vale plantá-las em vasos que podem ser levados para um lugar abrigado no período de geadas, escolher um cantinho do terreno que receba mais sol, ou que conte com a proteção de barreiras como edificações e vegetação arbórea. Afora isso, é só adubar o solo – que geralmente é mais ácido e pedregoso – com adubos orgânicos, pois eles retêm melhor a umidade.

Pode acreditar: seguindo essas dicas, as chances de o seu jardim crescer vistoso e brilhar são muito maiores.

Neste projeto de Toni Backes, o mix de arbustos e arvoretas resistentes ao frio da Serra Gaúcha forma uma barreira que protege as plantas mais sensíveis e garante o conforto de quem está desfrutando do pergolado


Toni Backes é engenheiro agronômo, paisagista, fundador da Escola de Paisagismo Perau do Encanto e tem mais de 30 anos de experiência em paisagismo ecológico