Conheça um pouco mais sobre esses graciosos insetos e as belas plantas capazes de atraí-los
— Por Ana Luísa Vieira | Fotos das plantas Valerio Romahn
As borboletas figuram entre os visitantes mais ilustres que um jardim pode receber. Com seu visual exuberante e um jeito de voar que mais parece um balé, elas tornam qualquer paisagem mais atraente. Os amantes da Natureza adoram – e, muitas vezes, escolhem cultivar certas plantas justamente com o intuito de trazer esses graciosos insetos para perto. No Brasil, existem mais de 3.200 espécies de borboletas. Boa parte habita apenas florestas e matas nativas, mas muitas também podem ser observadas em ambientes urbanos, voando em meio a parques, praças e jardins residenciais. Nesta reportagem, você vai conhecer alguns desses bichinhos encantadores e as plantas em que eles costumam pousar na hora de procurar por alimento ou depositar seus ovos.
A Agraulis vanillae, popularmente chamada de borboleta-paixão, é bastante comum no território brasileiro, mas também pode ser vista em países como Argentina e Uruguai. Não há quem não fique hipnotizado pela beleza vibrante de suas asas cor de laranja, pintadas com manchas pretas de fora a dentro.Sua envergadura – distância entre a extremidade de uma asa e a outra no momento em que elas estão abertas – pode chegar a 9,5 cm.No jardim, a borboleta-paixão é observada principalmente perto das flores de lantanas (Lantana camara) (1) e pentas (Pentas lanceolata) (2), onde procura o néctar de que precisa para se alimentar. Só não se deixe iludir pela graciosidade da espécie adulta: enquanto lagarta, a Agraulis vanillae pode ser agressiva. Ela costuma comer tão ferozmente as folhas do maracujá (Passiflora alata) que, muitas vezes, é considerada praga nos pomares dessa frutífera.
A BELEZA DA TRANSFORMAÇÃO
Por nascerem como estranhas lagartas e, aos poucos, revelarem suas belas asas de cores vistosas e desenhos curiosos, as borboletas são tidas como símbolo de transformação. A duração da metamorfose varia conforme a espécie e pode se estender de uma ou duas semanas até alguns meses. Em todas as fases, entretanto, uma coisa é certa: os bichinhos recorrem aos vegetais para buscar o que comer. Apostar no cultivo de plantas hospedeiras – em cujas folhas a borboleta adulta deposita seus ovos e, depois, as lagartas crescem e se alimentam – é, portanto, o jeito eficiente de atrair borboletas para o jardim.
A delicada Ascia monuste, por exemplo, tem uma preferência tão escancarada pela couve (Brassica oleracea) na hora da desova que é conhecida por muita gente como borboleta-da-couve. Outros preferem chamá-la de borboleta-brancão – referência à cor de suas asas, cuja envergadura atinge até 6 cm. Já a Anteos menippe – que é conhecida como borboleta-ponto- de-laranja por causa das manchas que tingem as extremidades de suas asas brancas – voa alto para depositar seus ovos nas folhas da chuva-de-ouro (Cassia ferruginea) (3). A árvore, que chama a atenção pelas inflorescências amarelas, cresce até 8 m de altura.
Na fase adulta, tanto a borboleta-brancão como a ponto-de-laranja buscam comida em plantas cujas flores são ricas em néctar, como a margarida-de-árvore (Montanoa bipinnatifida) e a zínia (Zinnia hybrida) (4).
COMO UMA ZEBRA
Embora seja mais comum em florestas e matas fechadas, a Colobura dirce também pode ser observada voando nas cidades, perto de parques e praças onde crescem espécies de embaúba (Cecropia sp.). O inseto adulto procura a árvore para colocar seus ovos e, depois, as lagartas que nascem deles usam as folhas da planta para se alimentar.
Quem flagra a bela borboleta em meio ao ambiente urbano não deixa de reparar em suas asas esbranquiçadas: elas atingem até 7,5 cm de envergadura e apresentam vistosas listras pretas. Não à toa, a espécie é conhecida popularmente como borboleta-zebra. Diferentemente da maioria, a borboleta-zebra não se alimenta de néctar na fase adulta, e sim da seiva que por vezes escorre pelo tronco das árvores ou de frutos em estado de decomposição, motivo pelo qual também é bastante vista rodeando pomares de mangueiras e goiabeiras.
FAMÍLIA DE CORUJAS
Típicas da América do Sul, as borboletas do gênero Caligo são todas conhecidas como olhos-de-coruja: é que suas asas marrons geralmente são carimbadas por manchas circulares que lembram os olhos das aves de rapina. A mais comum nas cidades é a Caligo illioneus, que atinge impressionantes 12 cm de envergadura das asas. O exagero, aliás, é marca da família – cujos membros mais selvagens, como Caligo beltrao e Caligo eurilochus, estão entre as maiores do Brasil: são aproximadamente 18 cm de envergadura. Todas só voam no início da manhã ou no fim da tarde – no restante do tempo, repousam em meio à mata sem muita preocupação com os predadores, já que suas asas são facilmente confundidas com folhas.
Na hora de comer, as borboletas olhos-de-coruja vão atrás de frutos caídos ou da seiva que às vezes escorre pelo tronco das árvores. Para depositar os ovos, a preferência é por frutíferas – especialmente as folhas de bananeiras (5) e coqueiros (6).