Refrescante e saboroso, o melão (Cucumis melo) é daquelas frutas que todo mundo compra quando vai à feira, mas pouca gente se atreve a cultivar em casa. É difícil entender o porquê, já que trata-se de uma espécie de ciclo curto – do plantio à colheita dos frutos passam-se, no máximo, 100 dias – e que pode ser plantada em todo o território brasileiro.]
Nativo da África e da Ásia, o meloeiro começou a ser cultivado pelo homem há tanto tempo que há registros de sua produção doméstica no período entre 2.700 e 2.000 a.C., no Egito. Como se adapta tanto ao clima tropical quanto ao temperado quente, ele rapidamente se espalhou pelo mundo e hoje conta com inúmeros cultivares.
No Brasil, a frutífera chegou no século 19, trazido pelos imigrantes europeus, que iniciaram o plantio da herbácea no Sul e Sudeste do País. Hoje, porém, o cultivo comercial da planta se concentra principalmente no Nordeste, onde o clima quente, seco e a alta
radiação solar tornam possível a produção de frutos durante o ano todo.
MELÕES PARA TODOS OS GOSTOS
As inúmeras variedades (cultivares) de melão se dividem em vários grupos, sendo que os mais conhecidos são o americano e o valenciano ou espanhol. Enquanto o primeiro engloba melões menores, aromáticos, de casca rugosa e polpa alaranjada, como o melão-cantalupo, a segunda produz frutos não aromáticos, de casca e polpa com cores variáveis, como o melão-pele-de-sapo e
o melão-amarelo, os dois tipos de melão mais consumidos no Brasil.
Chamado assim por conta de sua casca verde-clara com manchas verde-escuras, o melão-pele-de-sapo tem a polpa creme-esverdeada e é, dentre os melões produzidos em escala comercial, o que tem os maiores frutos. Já o melão-amarelo é arredondado, tem casca amarelo-canário e polpa bem espessa de cor clara. Por ser resistente ao manuseio e ter boa durabilidade, ele é o mais cultivado no Brasil.
PLANTIO SEM MISTÉRIOS
O melão é uma herbácea similar à melancia, cujos ramos crescem rente ao solo. Ao contrário de outras frutíferas, que acabam ganhando lugar de destaque no jardim por conta da beleza, ele geralmente é plantado em áreas mais reservadas, apenas para a produção de frutos. Porém, quando conduzido em alambrados e outras estruturas, como se fosse uma trepadeira (consulte o quadro Melão como trepadeira), ele se torna uma espécie bastante ornamental. Como trata-se de uma espécie anual, após a colheita, precisa ser replantado ou substituído por outra espécie, para o canteiro não ficar vazio.
O cultivo é relativamente simples e a qualidade e o sabor dos frutos estão intimamente ligados às condições climáticas do local: quanto mais quente e seco o tempo, mais doce e durável o melão. O excesso de chuvas ou de água na irrigação resulta em frutos com menor teor de açúcar e sabor mais fraco. Já temperaturas abaixo ou acima da faixa considerada ideal – ela varia entre 25 ºC e 32 ºC – afetam tanto a floração quanto a frutificação da espécie.
Por esse motivo, o período mais indicado para o plantio do melão varia de região para região. No semiárido nordestino, a produção é ininterrupta. Já em áreas de clima mais ameno, como o Sul e o Sudeste, é melhor deixar para plantá-lo entre os meses de agosto e novembro, quando as chuvas são menos frequentes.
Escolha um espaço arejado, que receba bastante sol e que fique protegido dos ventos fortes, e prepare o solo adicionando 1 kg de esterco de curral a cada berço algumas semanas antes do plantio. Deixe as sementes de molho em água por uma noite, para facilitar a germinação, e deposite três delas em cada berço. “Quem preferir pode fazer o plantio em sementeiras e depois transferir as mudas para o canteiro”, diz o engenheiro agrônomo Nivaldo Duarte.
As regas devem ser constantes, mas com pouca água, principalmente nos 20 primeiros dias após o plantio, já que o excesso de umidade leva ao apodrecimento da planta. Evite também molhar os frutos, para prevenir a proliferação de fungos.
Uma dica dos produtores para evitar perdas é, quando os frutos estiverem com cerca de 10 cm de diâmetro, colocar um pouco de palha sob eles – a técnica é chamada de calçamento – para evitar o contato com a umidade do solo. Também é recomendável virar os melões duas ou três vezes durante o período de cultivo, para que ele não fique com um dos lados esbranquiçados.
Quando os frutos estiverem maduros – no caso do melão-amarelo isso acontece cerca de 80 dias após o plantio –, basta cortar o talo para colhê-los.
No que se refere às pragas, o principal inimigo do melão é o pulgão, que suga a seiva da planta e ainda transmite o vírus-do-mosaico, uma doença comum nas cucurbitáceas que deixa os frutos manchados.
SUCESSO NA COZINHA
O melão pode ser consumido ao natural, acompanhado de ingredientes salgados, como presunto, na forma de suco e até de picolé. Composto por 90% de água, ele é amigo de quem está de dieta – tem apenas 31 kcal em 100 g de polpa – e rico em vitamina C, potássio, sais minerais, fibras e substâncias antioxidantes e anti-inflamatórias. Suas sementes servidas tostadas, como aperitivo, também são uma importante fonte de cálcio.
RECEITA DE PICOLÉ DE MELÃO
Ingredientes
• 1 melão pequeno
• 1 limão
• 1 colher de chá de gengibre ralado
• ¼ de xícara de néctar de agave ou mel
Modo de preparo
Bata no liquidificador o melão descascado e sem sementes, o suco do limão e o gengibre ralado. Adicione o néctar de agave ou o mel para adoçar. Despeje a mistura em formas de picolé e leve ao congelador.
Receita: Fernanda Guimarães Rosa (dona do blog de culinária Chucrute com Salsicha, www.chucrutecomsalsicha.com)
MELÃO COMO TREPADEIRA
Embora o melão seja uma espécie de hábito rasteiro, há quem opte por conduzi-lo em alambrados e outras estruturas, como se fosse uma trepadeira, para cultivar os frutos suspensos. Isso reduz a área ocupada pela planta, cria um efeito ornamental no jardim, mas demanda mais cuidados por parte do jardinista.
Além de conduzir os ramos da planta conforme eles vão crescendo, quem opta por esse método de cultivo precisa instalar redinhas individuais para sustentar os frutos, já que os ramos da planta não são fortes o suficiente para aguentar o peso. Essas redinhas são feitas de tecido e instaladas assim que os frutos começam a se formar. Suas pontas são presas por ganchos de metal no alambrado ou na estrutura usada como suporte para o meloeiro.
MELÃO EM DETALHES
• Nome científico: Cucumis melo
• Nome popular: melão
• Família: Cucurbitáceas
• Origem: África e Ásia
• Características: herbácea anual de hábito rasteiro, com ciclo de 80 a 100 dias, conforme a variedade
• Folhas: de tamanho variável, são alternadas, ásperas, providas de pelugem e têm as margens denteadas
• Flores: pequenas, frágeis e de coloração amarelada, despontam cerca de 30 dias após o plantio das sementes
• Frutos: conforme a variedade de melão, podem ser redondos, ovais ou alongados; ter casca lisa, enrugada ou redilhada; medir de 20 cm a 25 cm de diâmetro; e pesar de um a quatro quilos. A cor da polpa também muda conforme o cultivar, podendo ser branca, amarelada, esverdeada ou alaranjada
• Luz: sol pleno
• Solo: o melão se adapta a uma boa variedade de solos. O importante é que ele seja bem drenado e arejado, como o arenoargiloso
• Clima: Tropical seco, subtropical e temperado quente
• Plantio: o melão é cultivado em berços de 30 cm x 30 cm com espaçamento de 40 cm entre eles. Algumas semanas antes do plantio, prepare o solo incorporando 1 kg de esterco de curral a cada berço. Deixe as sementes de molho em água por uma noite e depois acomode três delas em cada berço, a 2 cm de profundidade. Quando as mudas estiverem com 15 cm, remova duas delas, mantendo apenas a que estiver mais forte
• Regas: diárias e com pouca água nos primeiros 20 dias
• Adubação: depende muito da característica do solo. Como regra geral, 20 dias após o plantio, aplique 4 g de ureia em cada berço. Passados outros 40 dias, repita o procedimento e acrescente 6 g de potássio
• Podas: não são necessárias
• Reprodução: por sementes
CONSULTORIA: Nivaldo Duarte (engenheiro agrônomo), tel.: (87) 3866-3642