Além de frutos saborosos, essa frutífera proporciona boa sombra no jardim
TEXTO CHRISTIANE FENYO | FOTOS VALERIO ROMAHN
Os frutos em forma de vagens verdes e compridas, com casca sulcada e textura de cipó, renderam ao Inga edulis o nome popular de ingá-cipó. A espécie é a planta mais conhecida da família dos ingás e se diferencia de outras do gênero por apresentar frutos muito longos, entre 50 cm e 1,5 m de comprimento.
O termo ingá vem da palavra indígena y-igá, que significa “embebido” ou “ensopado”, uma alusão à polpa branca e adocicada que envolve as sementes do fruto. Já cipó é uma referência às vagens compridas.
Originário da região do Amazonas e de toda a orla litorânea desde o Rio Grande do Norte até o norte de Santa Catarina, o ingá-cipó é muito apreciado pela população amazônica e também serve de alimento para a fauna local. Apresenta sementes pretas e brilhantes – elas têm cerca de 3,5 cm de comprimento – envoltas por uma polpa branca e adocicada, a parte comestível do fruto.
O ingazeiro, como é chamada a árvore do ingá-cipó, pode chegar a 15 m de altura. Ele apresenta tronco claro e copa larga, com ramos longos e ramificados. As folhas são compostas por quatro a seis pares de folíolos grandes, de formato elíptico e cor verde-clara a verde-escura.
As flores brancas e melíferas surgem entre os meses de outubro e janeiro. Elas se agrupam em inflorescências nas axilas das folhas com os ramos e atraem muitos beija-flores. Já os frutos amadurecem a partir de maio. A espécie se reproduz por sementes que devem ser retiradas do fruto e plantadas imediatamente, sem a necessidade de secar. A taxa de germinação é alta e, em poucos dias, já é possível ver a brotação.
Na Natureza, o ingazeiro geralmente é encontrado em regiões baixas, que se alagam no período de chuvas. Ele tem crescimento rápido – atinge 2 m de altura ainda no primeiro ano de vida – e, por isso, é muito usado em reflorestamentos. “É uma árvore importante para a preservação das nascentes, pois estrutura barrancos próximos aos rios, evitando o assoreamento”, explica o engenheiro agrônomo Ronan Pereira Machado.
No paisagismo, a espécie é indicada para a arborização de parques, praças, rodovias e entorno de represas, em especial nos solos que sofrem com encharcamentos. Também pode ser usada em pomares caseiros, pois cresce rápido e proporciona boa sombra. “Porém, em casas de campo, deve ser plantada afastada das construções, devido à grande quantidade de frutos que produz”, explica o viveirista Luis Bacher.
Como cultivar
Bastante rústico, o ingá-cipó não requer muitos cuidados para o cultivo. Típico de clima tropical, ele deve ser plantado em solo areno-argiloso, em covas de 80 cm de diâmetro por 80 cm de profundidade, preenchidas com 20 litros de esterco de curral ou terra vegetal e 300 g de superfosfato simples ou farinha de osso.
Antes do plantio, é preciso revolver uma grande área de solo ao redor da árvore, para favorecer a expansão das novas raízes. “Na hora de encher a cova, adicione poucos centímetros de substrato e umedeça com água, para evitar a formação de bolsões de ar. Repita o processo até encher toda a cavidade”, ensina Ronan Pereira Machado. O próximo passo é cobrir a base da árvore com casca de pínus ou palha desfiada. “Esses materiais funcionam como um cobertor, mantendo a umidade do solo e moderando os extremos de temperatura. Além disso, reduzem a competição das gramíneas e ervas daninhas”, explica o engenheiro agrônomo. Para finalizar, basta regar bastante para ter certeza de que a água chegou até o torrão.
O ingá-cipó só deve ser adubado depois que as raízes se fixarem ao solo – o processo leva cerca de três meses. Pode-se aplicar NPK 10-10-10 a cada três meses – exceto no inverno – ou adubos orgânicos como húmus de minhoca ou esterco de curral. Já no que se refere às pragas, a mais comum é a mosca-da-fruta, que pode ser combatida com iscas próprias para esse fim.
Ingá-cipó em detalhes
- Nome científico: Inga edulis
- Nomes populares: Ingá-cipó, ingá-rabo-de-mico e ingá-macarrão
- Família: leguminosas
- Origem: região amazônica e em toda a orla litorânea desde o Rio Grande do Norte até o norte de Santa Catarina
- Características: árvore de tronco claro e copa ampla e baixa
- Porte: até 15 m
- Flores: são brancas e melíferas. Surgem em inflorescências axilares
- Folhas: compostas e perenes
- Plantio: em covas de 80 cm de diâmetro por 80 cm de profundidade. Adubar com 20 litros de esterco de curral ou terra vegetal e 300 g de superfosfato simples
- Adubação: a cada três meses com NPK 10-10-10, exceto nos meses de inverno
- Luz: sol pleno, mas resiste à meia-sombra
- Solo: areno-argiloso, acrescido de matéria orgânica
- Clima: tropical úmido, tolerante a subtropical litorâneo
- Regas: de duas a três vezes por semana até a planta fixar as raízes. Depois a frequência pode ser menor
- Propagação: por sementes