Conheça os diferentes tipos de adubo para essas plantas e garanta floradas de destaque no jardim
Texto Ana Luísa Vieira | Fotos André Fortes | Produção Aida Lima
Quem cultiva floríferas não vê a hora de chegar a época de floração das espécies para ter o jardim cheio de cores e aromas. É pena que, às vezes, os jardinistas fiquem só na vontade. Mesmo com luz e regas adequadas, algumas plantas simplesmente não encontram forças para se desenvolver e dar origem a belas flores. O problema, quase sempre, é a falta de adubo.
Segundo o engenheiro agrônomo Marcello Manzano, a adubação é tão importante para a saúde das espécies quanto água e iluminação: “É a partir dos fertilizantes que os vegetais obtêm nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio, que a terra do jardim não concentra em quantidades suficientes”, explica. Sem essas substâncias, as plantas se tornam incapazes de concluir as diversas etapas de seu ciclo de vida – que inclui os processos de brotação, crescimento, floração e frutificação. Dessa forma, acabam estacionadas no meio do caminho – ainda que isso signifique abrir mão de seu maior atrativo: as flores.
TIRO E QUEDA
Felizmente, hoje o mercado oferece soluções bastante eficazes – e rápidas – para esse tipo de impasse. Graças a versões especiais dos adubos minerais – os famosos NPK (veja mais no quadro da página 41) –, é possível ver as flores pipocando no jardim em poucos dias após a aplicação dos produtos. “Para esses casos em que a espécie aparenta fraqueza e não floresce na época em que deveria, recomendo o NPK 10-14-10, de liberação controlada. Ele vem em forma granulada e solta os nutrientes aos poucos, com a água das regas,
sem nenhum perigo de danificar a planta”, explica Manzano.
A dica é depositar os grãos no solo, ao redor da planta, e irrigar o espaço imediatamente depois. Em uma semana, os primeiros botões aparecem. A dosagem difere conforme o fabricante e vem especificada na embalagem do adubo, que serve tanto para exemplares cultivados em vasos como para aqueles em canteiros. Dependendo do produto, o efeito perdura de três a
seis meses – quando a fertilização deve ser repetida.
Se você tem mais pressa, aposte nos fertilizantes de formulação 4-14-8, que precisam ser reaplicados de 15 em 15 dias. Este tipo de adubo pode ser encontrado nas formas líquida – de pronto uso ou para misturar na água das regas – ou em pó – que pode ser diluído em água ou aplicado sobre o substrato. Como vão diretamente para o sistema vascular das plantas, agem ainda mais rapidamente que os adubos de liberação controlada. O problema é que, se o jardinista errar na mão, a folhagem pode se queimar e, em casos mais extremos, a espécie perecer.
ALTERNATIVAS ORGÂNICAS
Em vez usar produtos minerais – que são industrializados –, algumas pessoas preferem recorrer aos adubos orgânicos, de procedência natural: “São materiais como húmus de minhoca e esterco de curral, que, além de serem ricos em nutrientes, melhoram a estrutura do solo, propiciando boas condições para o desenvolvimento do sistema radicular das plantas”, diz a engenheira agrônoma e paisagista Marina Tomioka.
Para floríferas cultivadas em vasos de 1 litro, por exemplo, o paisagista Toni Backes indica a combinação de uma colher de sopa de farinha de osso, uma colher de sopa de cinzas de árvores e 100 ml de húmus. Em canteiros, o profissional costuma usar 4 kg de cama de aviário – uma mistura de esterco de galinha e serragem dos recintos onde se criam aves – por m² de terra. “A substância é rica em fósforo, cálcio e potássio”, explica Backes. Em recipientes ou diretamente no solo do jardim, as reposições de nutrientes devem ser feitas a cada seis meses.
Adubos como esterco de curral, húmus de minhoca ou cama de aviário não oferecem nenhum risco de superdosagem ou possibilidade de queimar as folhas das espécies. Seu efeito, entretanto, demora um pouco mais a aparecer em relação aos NPK: “Em geral, a planta volta a florir em um ou dois meses”, ressalta o paisagista.
PROCEDIMENTO DE ROTINA
Como prevenir é sempre melhor que remediar, é importante ter em mente que a adubação deve ser feita rotineiramente desde o início do cultivo das floríferas – e não somente quando as espécies apresentarem sintomas de deficiência nutricional. Por isso, considere os fertilizantes minerais ou orgânicos como aliados no trabalho de jardinagem e use-os sempre. Pode ter certeza: na hora certa, as floríferas não vão decepcionar você.
ENTENDA O NPK
Asigla NPK, usada para designar os adubos minerais, corresponde aos elementos nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K). Nas embalagens dos adubos, ela é sempre seguida de três números que apontam a porcentagem de cada um dos elementos na composição do fertilizante. O NPK 4-14-8, por exemplo, indica que no produto há 4% de nitrogênio, 14% de fósforo e 8% de potássio – os outros 74% são material de preenchimento.
Os valores mudam porque cada um dos nutrientes tem uma função diferente e deve ser usado em menor ou maior quantidade de acordo com as necessidades das espécies. As formulações ricas em fósforo (NPK 4-14-8 e NPK 10-14-10) são as mais indicadas para plantas floríferas, pois este elemento favorece a floração e a frutificação. O nitrogênio, por sua vez, estimula o crescimento dos brotos e das folhas, e o potássio fortalece os tecidos vegetais.
É comum ainda que, além de fósforo, nitrogênio e potássio – chamados de macronutrientes –, as fórmulas incluam micronutrientes – elementos como boro, cálcio, cobre, enxofre, ferro e zinco – de que as plantas precisam em menores quantidades. Eles contribuem para floradas mais viçosas e umentam a resistência da planta a pragas e doenças.