TEXTO: Roberto Araújo
O que primeiro chamou a minha atenção foi o nome: Araujia sericifera. Alguém com o mesmo sobrenome da minha família já havia sido homenageado. Fui atrás, claro, ainda mais pelo apelido de “planta-cruel”. Me deparei com uma planta que daria um livro. O nome foi uma homenagem a António de Araújo e Azevedo, que veio na comitiva de D. João VI em 1808 e trouxe sua própria tipografia para o Brasil — essa máquina permitiu fundar a Imprensa Régia.
Para os índios, era o Abaty, uma comida muito importante para os Payaguás que navegavam o rio, atualmente chamado de Rio Paraguai, termo guarani para “rio dos paiaguás”, tribo que foi extinta pelos colonizadores.
Já os aficcionados por PANC veem nela o chuchu-de-seda, esponjoso e macio, bom para geleias e doces cristalizados, como o mamão-verde. Seu lado cruel aparece porque suas sementes levadas pelo vento fizeram dela uma invasiva mundo afora (é proibida na Espanha, por exemplo) e seu perfume atrai insetos, que são presos e não conseguem mais sair. Como não é carnívora, mata por matar, por isso é chamada de planta-cruel.
E isso é o resumo do resumo. Quer aprender história? As plantas têm muito a ensinar. E podem ter até um nome muito familiar.