Na culinária, a taioba substitui a couve em todo tipo de receita. No jardim, enfeita canteiros e dá um toque tropical ao ambiente

TEXTO HELENA RINALDI | FOTOS VALERIO ROMAHN
PRODUÇÃO AIDA LIMA

É tudo uma questão geográfica. Se em lugares como Minas Gerais e Rio de Janeiro a taioba (Xantosoma taioba) é daquelas plantas que todo mundo conhece, usada principalmente em refogados, nas outras regiões brasileiras ela é tão incomum que chega a integrar a lista das PANCS, as plantas alimentícias não-convencionais.

Apesar de ser muito comparada à couve (Brassica oleracea var. costata) por suas folhas grandes e largas e sua cor verde-escura, se engana quem acha que o gosto das duas plantas é o mesmo. Enquanto a couve é levemente amarga, a taioba possui um sabor mais leve e cremoso, além de ser menos crocante. Seus usos na culinária, no entanto, são bem parecidos: a taioba é um excelente acompanhamento para carnes e a variedade de pratos que ela é capaz de integrar depende apenas da criatividade do cozinheiro – pode rechear massas, ser incorporada a omeletes, suflés e escaldados ou consumida na versão clássica mineira, rasgadinha, refogada no azeite com um pouquinho de alho.

No jardim a taioba pode ser integrada ao paisagismo, ficar restrita à horta e até ser cultivada em vaso

Como a espécie pode chegar aos 2 m de altura e tem folhas grandes e vistosas, em forma de coração, não há motivos para restringir seu cultivo apenas à horta. Ela dá um toque mais tropical aos canteiros à meia-sombra e pode até mesmo ser cultivada em vasos. Os requisitos para crescer saudável não são muitos: solo rico em matéria orgânica e bem úmido e adubações com NPK 10-10-10 a cada três meses.

Perigo escondido

Se você se encantou pela taioba e já está pensando em colher algumas folhas num jardim qualquer perto de casa para usar no almoço, é melhor ter cuidado: existem várias outras plantas de visual muito similar, nem todas elas inofensivas quando ingeridas. São as chamadas taiobas-falsas, grupo do qual fazem parte o inhame-chinês (Alocasia cucullata), a taioba-roxa (Xantosoma violaceum) e as venenosas taiobas-bravas, como a Xanthosoma maximilianii e a Xanthosoma riparium. “As taiobas-bravas têm substâncias que podem sobrecarregar os rins e, em alguns casos, até fechar a garganta de quem cair em sua armadilha”, explica a herborista Sabrina Jeha, do viveiro Sabor de Fazenda. O mestre em biologia e paisagista Eduardo Gonçalves completa: “O oxalato de cálcio presente nas folhas causa pequenos ferimentos no aparelho digestivo, abrindo espaço para a ação do veneno da planta, que faz a língua e a mucosa incharem e pode levar ao edema de glote”. É essencial, portanto, saber diferenciar a verdadeira taioba – também chamada de taioba-mansa – das demais antes de sair colhendo por aí e colocando na panela.

As folhas grandes da taioba conferem ares tropicais ao jardim

Segundo Eduardo Gonçalves, a principal diferença está na parte das folhas onde a nervura central se abre formando um Y. Os caules e tubérculos da planta também ajudam na confirmação: os da taioba-verdadeira sempre ficam para dentro da terra. “Desse modo, quem olha a planta vê somente as folhas saindo para fora da terra, nunca acompanhada de outras partes como a grande maioria das plantas”, explica o especialista.

A taioba é relativamente fácil de encontrar. No viveiro Sabor de Fazenda (www. sabordefazenda.com.br), as mudas custam R$ 11.

Como identificar uma taioba

  • Inhame: Os lóbulos ou “orelhas” da folha se unem acima do ponto em que as nervuras formam um “Y”
  • Taioba-mansa: A intersecção dos lóbulos coincide com o ponto do “Y” onde as nervuras principais se encontram
  • Taioba-brava: A porção nua na intersecção das nervuras cria a sensação de que a folha foi recortada
Na taioba os tubérculos ficam embaixo da terra e só as folhas são aparentes

Taioba em detalhes

  • Nome científico: Xantosoma taioba
  • Nomes populares: taioba, orelha-de-elefante e planta-gigante
  • Família: aráceas
  • Origem: América do Sul
  • Clima: tropical, tolerante ao subtropical
  • Características: herbácea perene de até 2 m de altura
  • Folhas: grandes e em forma de coração, elas são verde-escuras, espessas, comestíveis e ornamentais. Podem alcançar até 1 m de comprimento e 80 cm de largura
  • Cultivo: em canteiros, abra um berço de 40 cm de profundidade e uns 10 cm mais largo que o rizoma. Preencha-o com uma mistura de partes iguais de terra retirada do local, areia e húmus de minhoca ou composto orgânico, e acomode a muda. Para cultivo em vasos, use um recipiente de no mínimo 60 cm de profundidade
  • Luz: meia-sombra
  • Solo: pode ser de qualquer tipo, desde que minimamente drenado e rico em matéria orgânica
  • Adubação: aplique NPK 10-10-10 a cada três meses
  • Regas: diárias ou em dias alternados
  • Podas: consiste apenas na remoção das folhas que começarem a amarelar Reprodução: por brotos laterais