Com frutos nutritivos e ramos espinhosos, a ameixeira-de-natal é garantia de sabor à mesa e segurança no jardim
TEXTO ANA LUÍSA VIEIRA | FOTOS VALERIO ROMAHN
No vasto universo das frutíferas, é raro encontrar espécies que, além de produzir frutos saborosos e ornamentar o jardim, exerçam outras funções no paisagismo. A ameixeira-de-natal (Carissa macrocarpa) é uma das poucas exceções.
Dotada de ramos numerosos que crescem de forma adensada e são cobertos por espinhos, a planta funciona muito bem como uma sebe para delimitar espaços e bloquear a passagem de pequenos animais no jardim. Já seus pequenos frutos vermelhos ganham pontos no quesito saúde, pois contam com substâncias que combatem a degeneração de tecidos e órgãos do corpo humano.
Tamanha capacidade de unir o melhor de diversos mundos faz da espécie um escudo natural – tanto para o organismo de quem consome seus frutinhos como para a paisagem. Porém, antes de explorar um pouco mais suas funcionalidades, é preciso desfazer possíveis mal-entendidos.
Xarás distantes
Apesar da denominação e da aparência, a ameixa-de-natal pouco tem a ver com o fruto da ameixeira (Prunus salicina), tradicionalmente consumido em festas de fim de ano. Se a ameixa-de-natal é nativa de uma região costeira da África do Sul chamada de Natal – daí o nome popular –, a ameixa comum é originária de países asiáticos.
Além disso, a ameixa comum pertence à família das rosáceas – que reúne membros como maçã, pera, cereja e nêspera –, enquanto a espécie africana faz parte do grupo das apocináceas – ao qual também pertence a espirradeira, uma das plantas mais tóxicas de que se tem notícia. Nada que contamine as boas referências da ameixeira-de-natal, vale ressaltar.
Pequenos e poderosos
Com até 4 cm de diâmetro, os frutos da espécie surgem durante todo o ano – com maior intensidade na primavera e no verão – e, apesar de produzirem um látex de aspecto leitoso, eles são próprios para o consumo humano, podendo ser saboreados in natura ou na forma de geleias, sucos e sorvetes.
O produtor Edilson Giacon dá a dica de como proceder para que o sabor desagradável do látex não atrapalhe a degustação da ameixa-de-natal: “Basta colher os frutos bem maduros e esperar três dias para que a substância branca se perca”.
Ricos em vitamina C – verdadeiro antídoto contra o envelhecimento e a deterioração de ossos –, em ferro e em cobre – duas substâncias que combatem a anemia – eles têm sabor ácido, levemente adocicado e só trazem benefícios à saúde.
Galhos protetores
Cobertos de espinhos bifurcados de ponta a ponta, os galhos da ameixeira-de-natal crescem aglomerados e podem atingir até 4 m de altura. Isso, aliado ao sistema foliar bastante denso, faz da espécie uma excelente opção para a composição de cercas vivas. Alguns jardinistas, inclusive, optam por moldá-la com a ajuda da topiaria.
Mesmo quando a planta é deixada para crescer mais livremente, vale a pena aparar seus ramos de tempos em tempos. “Após um período de 30 a 40
dias, eles voltam a florescer e, em seguida, frutificam, não importa a época do ano”, conta Edilson Giacon. O importante é evitar podas entre os meses de abril e junho e esperar no mínimo 90 dias entre um corte e outro.
As flores são outro atrativo do arbusto. Pequenas e em formato de estrela, elas exalam um perfume similar ao do jasmim-manga. No Brasil, despontam praticamente o ano todo – principalmente de dezembro a agosto.
Fácil de cultivar – as instruções estão na página 84 – e repleta de predicados, a ameixeira-de-natal tem tudo para conquistar um cantinho no seu jardim. Na Ciprest Mudas e Plantas, mudas com 30 cm de altura custam R$ 15.
Ameixa-de-natal em detalhes
- Nome popular: ameixa-de-natal, ameixa-africana e carissa
- Nome científico: Carissa macrocarpa
- Família: apocináceas
- Origem: sul da África Características: frutífera arbustiva, perenifólia, de copa compacta. Atinge até 4 m de altura e apresenta ramos cobertos por espinhos bifurcados
- Folhas: são verde-escuras, lisas e têm textura similar à do couro. Medem até 8 cm de comprimento
- Flores: de formato estrelado, são compostas por pétalas brancas e contam com o miolo levemente amarelado. Elas são perfumadas, medem cerca 4 cm e despontam de dezembro a agosto
- Frutos: globosos ou elípticos, maturam no verão e podem ter até 4 cm de diâmetro. A polpa é carnosa, suculenta e produz um látex branco e leitoso, mas não tóxico. O sabor da fruta é um pouco ácido e levemente doce
- Luz: sol pleno
- Solo: pode ser argiloso, arenoso ou arenoargiloso, porém a planta não tolera encharcamento
- Clima: subtropical, tolerante ao calor tropical Plantio:as mudas devem ser acomodadas em berços de 40 cm de lado por 40 cm de profundidade preenchidos com dois litros de esterco de curral bem curtido e outros dois litros de húmus de minhoca. Estabeleça um espaçamento de 50 cm entre um exemplar e outro
- Regas: três vezes por semana no primeiro mês após o plantio e, passado este período, no máximo duas vezes por semana
- Adubação: recomenda-se aplicar de 50 g a 100 g de NPK 4-14-8 e 100 g de torta de mamona por planta a cada 90 dias
- Podas: a espécie pode ser topiada ou passar apenas por podas superficiais para estimular a floração e a frutificação. Os ramos devem ser cortados a cada 90 dias, exceto nos meses entre abril e julho
- Reprodução: por sementes ou estaquia