Descubra por que este jardim nos arredores de Londres é um dos mais belos e visitados do Reino Unido

– Por Christiane Fenyö | Fotos Valerio Romahn

Incrível, fantástico, inimaginável… Qualquer adjetivo é pouco para descrever RHS Garden Wisley, o segundo jardim pago mais visitado do Reino Unido, atrás apenas de Kew Gardens. Instalado em um terreno de 24 hectares (240.000 m²) em Surrey, um condado a Sudoeste de Londres, o lugar é uma mistura de parque, jardim botânico, escola e campo de testes e abriga mais de 30.000 variedades de plantas vindas de todo o mundo, todas devidamente identificadas.

“Nenhum jardim botânico no mundo tem uma variedade tão grande de espécies”, diz Elizabeth Sharman, a guia voluntária que nos acompanhou em um passeio pelo local. “É um lugar para as pessoas verem, aprenderem e se inspirarem”, complementa. O fotógrafo Valerio Romahn vai além e atesta: “É o mais belo jardim que já vi na vida”.

O Laboratory foi erguido em 1907 para abrigar salas de estudos e pesquisa para os estudantes e cientistas de Wisley | Foto: Mark Boyce

PAIXÃO PERPETUADA

A história de Wisley começa em 1878, quando o comerciante, cientista, inventor e apaixonado por jardins George Ferguson Wilson comprou o terreno para montar um jardim experimental. Sua ideia era plantar no local plantas difíceis de cultivar e o jardim ficou conhecido por sua coleção de lírios, gencianas, íris japonesas e plantas aquáticas.

Em 1902, o espaço foi vendido para Sir Thomas Hanbury, outro comerciante bemsucedido. Considerado um grande filantropo, ele, que já havia criado o Jardim Botânico Hanbury, em La Mortola, na Itália, decidiu, no ano seguinte, doar o espaço à Royal Horticultural Society, como presente pelo 100º aniversário da instituição.

Na época, apenas uma pequena parte do terreno era ocupada por jardins ornamentais. Este espaço foi crescendo com o tempo, até se transformar no que é hoje: uma mistura de jardim botânico e laboratório onde as pessoas podem ver belas plantas, aprender sobre elas e onde são desenvolvidas novas técnicas de cultivo.

Jardins modelo inspiram os visitantes a repetir em casa as composições vistas em Wisley. Na foto acima, um arco coberto por glicínias (Wisteria sinensis) e arbustos topiados servem de pano de fundo para o banquinho charmoso. O vaso com tulipas complementa o cenário.

Em cada estação, plantas diferentes fazem a beleza dos jardins. A primavera é época de apreciar a florada exuberante dos rododendros (1) e a folhagem grande da folha-de-mamute (Gunera manicata) (2). Embora seja nativa do Brasil, esta planta é difícil de encontrar por aqui.

Se tem uma coisa que os ingleses fazem muito bem é combinar cores no jardim. Pode ser misturando flores azuladas com as folhas verdes e amarelas do Euonymus fortunei ‘Sunshine’ (3) ou plantando lado a lado a árvore-de-judas (Cercis siliquastrum), de flores rosadas (4), e a macieira (Malus mandshurica) (5), coberta por flores brancas.

Chamado de Butterfly Lovers Pavilion, este gazebo em estilo oriental é o local perfeito para apreciar os patos que povoam o lago e as texturas e cores do jardim que o circunda.

Foto: Christiane Fenyö

Foi nesta área que, em 1878, George Ferguson Wilson iniciou os jardins que dariam origem a Wisley. Em meio a pedras e pequenas quedas d’água, arbustos e herbáceas com texturas e cores impressionantes compõem cenários magníficos. Hoje o espaço é conhecido como Wild Garden.

Na primavera, as macieiras (Malus hupehensis) repletas de flores dão um show à parte. Esta faz sombra para dois banquinhos ladeados por caneteiros floridos e um vaso com tulipas amarelas e vermelhas.

Foto: Christiane Fenyö

Batleson Hill é território dos rododendros e azaleias. A florada exuberante e colorida destas plantas encanta os visitantes. Outra espécie que surpreende é este ácer de folhagem rosada (abaixo): é impossível não notá-lo em meio ao verde.

Contrastando com folhagens como as do ácer (Acer palmatum) (6) ou combinados entre si – caso do Rhododendron luteum (7), de flores amarelas, e uma espécie de flores rosa (8) –, os rododendros nunca passam despercebidos.

A ESTUFA

A cachoeira cercada por diversas plantas é atração na área temperada úmida

Inaugurada em 2005, a estufa de Wisley é um mundo à parte. Com 3.000 m² de área – o equivalente a dez quadras de tênis e 12 m de altura, ela se divide em três áreas climáticas – temperada seca, temperada úmida e tropical – e abriga cerca de 5.000 plantas, entre as quais espécies raras, ameaçadas de extinção e uma coleção com centenas de orquídeas.

Na zona temperada seca ficam os cactos, suculentas e outras espécies típicas de desertos e regiões semiáridas do planeta. Na zona temperada úmida, a presença abundante da água – o espaço conta até com uma cachoeira – possibilita o cultivo de árvores, arbustos, samambaias e plantas epífitas típicas das florestas temperadas.

Com temperatura mínima de 20 ºC (à noite) e umidade do ar variando entre 65% e 70%, a zona tropical recria as condições encontradas na Floresta Amazônica. Lá, as estrelas são as folhas grandes e extravagantes de palmeiras, bromélias, trepadeiras, além de muitas plantas floríferas.

 

Foto: Christiane Fenyö


PROGRAME SUA VISITA

Onde fica: O RHS Garden Wisley fica a 32 km de Londres
Horário de funcionamento: De 31 de março a 27 de outubro ele funciona das 10h às 18h de segunda a sexta-feira e das 9h às 18h nos fins de semana. De 28 de outubro a 30 de março funciona das 10h às 16h30 durante a semana e das 9h às 16h30 aos sábados e domingos.
Entrada: Adultos pagam £ 10,75 e crianças e jovens de até 16 anos, £ 4,60
Mais informações: www.rhs.org.uk/Gardens/Wisley