Pequenos frutos, folhas brilhantes e facilidade no cultivo. Com essas qualidades, a pitanga-anã é considerada uma preciosidade do sul
TEXTO ANA MARIA FABRÍCIO MOREIRA | FOTOS VALERIO ROMAHN
Rústica, com densa copa e folhagem muito brilhante, a ornamental pitanga-anã (Eugenia mattosii) ainda é rara nos jardins. Uma ironia, pois trata-se de um arbusto brasileiríssimo, membro da família das mirtáceas e originário da Mata Atlântica do Estado de Santa Catarina, na região Sul, onde foi catalogado no fim da década de 1950, nos arredores das cidades de Blumenau e Florianópolis. O nome mattosii é uma homenagem ao descobridor da espécie, o engenheiro agrônomo e estudioso das mirtáceas, João Rodrigues de Mattos.
A planta atinge até 1 m de altura e apresenta caule e ramos muito firmes. Difere de outras espécies do mesmo gênero por ser compacta e gerar frutos comestíveis de sabor doce e suave, que atraem pássaros. Sua floração branca surge entre agosto de outubro. Em seguida, vêm os frutos, também muito ornamentais, que permanecem até dezembro. Fora isso, sua folhagem verde-brilhante e as brotações levemente avermelhadas – característica comum às mirtáceas – conservam-se ao longo do ano.
No paisagismo, a pitanga-anã é utilizada na formação de cercas vivas e bordaduras. Também é possível cultivá-la em vasos. “Trata-se de uma espécie muito interessante que pode ser usada tanto isolada quanto em conjunto com outras plantas de folhagem larga, clara ou variegada”, explica o produtor Dario Bergemann. Como é nativa, a pitanga-anã adapta-se em boa parte do Brasil e resiste bem a pragas e doenças. Eventualmente, pode haver ataques de cochonilhas e fumagina. Mas, em geral, esses problemas são resultantes da falta de adubação.
O paisagista Toni Backes sugere mais um uso para a planta: embaixo de árvores e em cantos do jardim. “Costumo cultivá-la em caminhos de entrada e junto a paredes, em locais de meia-sombra e sol pleno. Ela se desenvolve bem em áreas externas, mas não é recomendada para ambientes internos”, explica.
Outras qualidades importantes, segundo Backes, são a fácil multiplicação por sementes ou estacas e a boa tolerância a geadas.
Como cultivar
A pitanga-anã é indicada para regiões tropicais ou subtropicais, sob sol pleno ou meia-sombra, desde que seja cultivada em locais com muita luz indireta. Precisa de solo fértil e drenado, mas que retenha um pouco de umidade. Para tanto, uma mistura ideal é a de três partes de terra para uma parte de composto orgânico, como esterco bem curtido ou húmus de minhoca. Para formar maciços, use de cinco a oito mudas pequenas por m² ou, no máximo, duas grandes por m². No primeiro mês, regue três vezes por semana. Depois, apenas quando a terra estiver seca.
Quanto à adubação, incorpore 10 kg de adubo orgânico (húmus de minhoca) por m² ou 200 g de NPK 10-10-10 por planta, enriquecido com micronutrientes. A pitanga-anã tolera bem as podas, mas, no dia a dia, apenas as de limpeza são suficientes para deixar a planta saudável. E esse formato vai se manter por um bom tempo, pois o crescimento da planta é lento.
Pitanga-anã em detalhes
- Nome científico: Eugenia mattosii
- Nomes populares: pitanga-anã, pitanguinha-de-mattos e cerejinha-de-mattos
- Família: mirtáceas
- Origem: Região de Mata Atlântica do sul do Brasil
- Características: arbusto de copa densa
- Porte: até 1 m
- Flores: brancas
- Folhas: 1,5 cm a 3 cm, de coloração verde-brilhante
- Adubação: anualmente, 10 kg por m2 de húmus de minhoca ou 200 g de NPK 10-10-10 com micronutrientes por planta
- Luz: sol pleno ou meia-sombra
- Solo: rico em matéria orgânica e drenado
- Clima: tropical e subtropical
- Regas: no primeiro mês do plantio, três vezes por semana. Depois, só quando a terra estiver seca
- Reprodução: sementes ou estacas