Além do conhecido tom arroxeado, a flor-canhota pode ser encontrada nas cores branca, rosa e amarela
TEXTO LAURA NEAIME | FOTOS VALERIO ROMAHN
Basta um pouquinho de imaginação para enxergar o formato de um palmo nas flores da flor-canhota (Scaevola aemula): distribuídas em forma de leque, suas cinco pétalas se assemelham aos dedos de uma mão esquerda. A característica é tão marcante que rendeu à espécie não apenas seu nome popular como também o científico: Scaevola vem de scaevus, palavra em latim para canhota. Aemula, por sua vez, deriva de aemulans, que significa imitadora.
A planta conquista os jardinistas por conta do efeito ornamental proporcionado por suas flores, que enfeitam o jardim desde a primavera até meados do verão. Elas ficam agrupadas a poucos centímetros das pontas de seus ramos pendentes, que atingem até meio metro de comprimento.
A flor-canhota, que na espécie-tipo tem pétalas azul-arroxeadas, foi amplamente hibridada e submetida a melhorias genéticas para produzir floradas mais intensas e duradouras. Foi graças a esses melhoramentos que surgiram variedades com flores em outros tons como o branco, o rosa e o amarelo. As borboletas não resistem ao colorido – e marcam presença nos cantinhos onde a planta é cultivada.
Como se não bastasse tamanha beleza concentrada na florada, a folhagem da flor-canhota também tem seu quê de exuberância: verde-escuras, as lâminas longas e serrilhadas apresentam consistência suculenta. De quebra, contam com uma densa pelugem na cobertura – o combo ideal para quem quer uma espécie vistosa no jardim.
Arremate perfeito
Embora seja perene, a flor-canhota geralmente é cultivada como bianual, pois perde o vigor depois de dois anos. Como seu crescimento é prostrado – os ramos se desenvolvem em direção ao solo, mas formam uma leve curvatura para cima nas extremidades –, ela é plantada principalmente em jardineiras, canteiros elevados e vasos suspensos. Uma sugestão de Cristiano Kuhn, da Floricultura Úrsula, é combinar a espécie ao gerânio (Pelargonium x hortorum) – que, além de apreciar condições de cultivo semelhantes às da flor-canhota, floresce na mesma época que ela.
Outra opção é usar a planta para compor maciços no jardim. Nesse caso, a recomendação de Cristiano é deixar 20 cm entre as mudas. “Por conta do desenvolvimento rápido da espécie, basta um mês para que a composição fique bem fechada”, explica.
Cuidado na medida certa
A flor-canhota não é daquelas plantas que se pode esquecer no canteiro ou vaso: ela requer cuidados constantes, como regas em dias alternados e podas periódicas – sempre após a florada, com os cortes feitos próximo aos botões florais.
Cristiano Kuhn recomenda duas adubações anuais – uma com composto orgânico e a outra com NPK 4-14-8 –, que devem ser feitas alternadamente na primavera e no final do verão. O solo, por fim, deve ser rico em matéria orgânica, úmido e bem drenado.
No que se refere ao clima, os caprichos não são tantos: a flor-canhota vai bem tanto no litoral, onde a umidade é maior, quanto em regiões serranas, de temperaturas mais amenas. Além disso, se desenvolve bem em locais sob sol pleno ou meia-sombra. Só não pode ser plantada em áreas sujeitas a geadas.
Exemplares de flores azuis e brancas podem ser adquiridos na Floricultura Úrsula (www.floriculturaursula.com.br). Os menores, com ramos medindo entre 10 cm e 15 cm de comprimento, custam R$ 5,10, enquanto os maiores saem por R$ 27,50. Já a Viviane Flores e Plantas, de Holambra, SP, vende caixas com dez mudas das variedades azuis, rosa e brancas por R$ 10.
Flor-canhota em detalhes
- Nome científico: Scaevola aemula
- Nome popular: flor-canhota
- Família: godeniáceas
- Origem: a espécie-tipo é nativa da costa sul e sudeste da Austrália
- Características: a espécie é uma herbácea-perene – porém cultivada como bianual – com ramagem prostrada de até 50 cm. A exceção é o cultivar de flores amarelas, cujos ramos não passam de 30 cm
- Folhas: são verde-claras, longas, espatuladas e encobertas por uma densa pelugem. A textura é suculenta
- Flores: apresentam cinco pétalas dispostas em forma de leque e o desenho do conjunto lembra o formato de uma mão. Surgem em tons de azul-arroxeado, branco, rosa e amarelo
- Solo: rico em matéria orgânica, bem drenado e mantido úmido
- Luz: sol pleno e meia-sombra
- Clima: subtropical e tropical de altitude
- Regas: em dias alternados
- Plantio: em um berço com 10 cm x 10 cm, acomode uma muda pequena – com ramos medindo entre 10 cm e 15 cm de comprimento – e cubra com terra enriquecida com composto orgânico
- Adubação: aplique alternadamente composto orgânico e NPK 4-14-8. As adubações devem ser feitas duas vezes ao ano: durante a primavera e no final do verão
- Podas: após a floração, corte os ramos da planta logo abaixo dos botões florais
- Reprodução: por estaquia