
Capins, folhagens e madeiras asseguram a originalidade deste jardim voltado ao lazer
TEXTO ANA LUÍSA VIEIRA | FOTOS VALERIO ROMAHN
PRODUÇÃO AIDA LIMA | PROJETO CATERINA POLI
Engana-se quem pensa que poucas cores são sinônimo de monotonia no jardim. Nesta área de 3.700 m² localizada no interior paulista, a ausência de flores foi compensada pela textura contrastante das espécies usadas.
Capins, folhagens e muita madeira deram origem a uma composição agradável e muito original, na qual as plantas integram o ambiente à vegetação nativa no entorno da propriedade. Já as floradas discretas de alguns arbustos pincelam cor na paisagem.

O projeto é da arquiteta e paisagista Caterina Poli, que buscou inspiração em paisagens bucólicas para escolher plantas, materiais e estruturas: “Queria algo campestre, mas que não caísse no romantismo”, explica.
Entrada campestre
A brincadeira com as texturas começa logo na entrada do jardim, onde moreias (Dietes bicolor) (1) e barbas-de-serpente-variegadas (Ophiopogon jaburan ‘Vittatus’) (2) bordam o caminho de mosaico português – ele foi confeccionado com pedra São-Tomé – entremeado por faixas de grama-esmeralda (Zozya japonica) (3). O paisagismo inclui também ipês de cores diversas (4) plantados entre um maciço e outro. Eles ainda são pequenos mas a ideia é que, nas próximas primaveras, proporcionem um espetáculo de cores.

Um portão de madeira cumaru marca o início do caminho que leva ao hall de entrada. “O desenho da estrutura foi inspirado nas cancelas de fazendas”, conta Caterina Poli. Mais adiante, quase chegando na casa, o canteiro de orquídeas-bambu (Arundina graminifolia) (5) ganhou a companhia de um busto de cavalo, que revela a paixão dos donos da propriedade pelos equinos.
Maciços com orquídeas-bambu (à esquerda) e alamandas-roxas (à direita) levam um pouco de cor a alguns cantinhos do jardim
Perto dali, o maciço de capins-do-Texas-rubros (Pennisetum setaceum ‘Rubrum’) (7) contrasta com o verde vivo salpicado pelas flores da alamanda-roxa (Allamanda blanchetti) (8).
Água em meio ao verde
Em dias quentes, a piscina de 83 m² com borda de mármore travertino navona convida os visitantes para um banho refrescante. Ela conta com prainha, escada de acesso embutida e está integrada a um deque de madeira cumaru onde foram dispostas espreguiçadeiras e um ombrelone próprios para a área externa.
Maciços de capins dão vida ao paisagismo e delimitam espaços. Este separa a entrada da casa da área da piscina O jasmim-manga contrasta com o branco do mármore travertino navona usado na borda da piscina
O jasmim-manga (Plumeria rubra) (1) cultivado em um canteiro próximo à piscina ajuda a trazer o verde do entorno para perto da estrutura. “Esta espécie foi escolhida porque tem enraizamento raso e porte compacto”, diz a paisagista.
A área da piscina tem espaço tanto para quem quer nadar como para os que preferem tomar banho de sol nas espreguiçadeiras. O capim-azul atrás delas serve de pano de fundo e protege os banhistas dos olhos curiosos de quem passa na rua
Já os maciços de capim-azul (Lagenocarpus velutinus) (2) atrás das espreguiçadeiras compõem uma cerca viva que tem dupla função: ornamentar o entorno da piscina e dar privacidade aos banhistas. Em outro canteiro, destaca-se a combinação de barba-de-serpente-variegada (Ophiopogon jaburan ‘Vitattus’) (3), moreia (Dietes bicolor) (4) e capim-do-Texas (Pennisetum setaceum) (5).
Cantinho tropical
Entre os espaços de convívio no jardim, um cantinho mobiliado com mesa e cadeiras inspirados na art nouveau se destaca. Os móveis vazados foram estrategicamente posicionados próximo a um espelho d’água cortado por uma ponte de madeira cumaru, que leva até a residência.
O canteiro de espécies tropicais e o conjunto de mesa e cadeiras proporcionam momentos de descanso ao ar livre
A área verde no entorno do espaço é um pouco diferente do que se vê no restante do projeto. “Aqui, a proposta é mais tropical”, diz Caterina Poli em referência aos lambaris-roxos (Tradescantia zebrina ‘Purpussi’) (1) e dracenas-malaias (Dracaena reflexa ‘Variegata’) (2) cultivados em um canteiro. A vegetação que se vê ao fundo é mata nativa. É só se acomodar nas cadeiras e apreciar.

Projeto: Caterina Poli (arquiteta e paisagista), tel: (11) 3774-5944, www.catepoli.com.br