A hortaliça de sabor inconfundível é mais fácil de cultivar do que você imagina e ainda oferece como bônus a possibilidade de iniciar a colheita poucos dias após o plantio

TEXTO CHRISTIANE FENYÖ | FOTOS VALERIO ROMAHN

Na salada de folhas verdes, a rúcula (Eruca sativa) tem lugar garantido. Na pizza, forma um trio e tanto com a muçarela e o tomate seco. Até no pesto a hortaliça de sabor levemente picante conquistou espaço, como substituta do manjericão. Só falta mesmo é conseguir um lugarzinho em sua horta ou jardim.

Nativa da região do Mediterrâneo e do leste da Ásia, ela chegou ao sul do País trazida pelos imigrantes italianos e foi pouco a pouco se espalhando. A facilidade de se adaptar ao clima daqui ajudou – a rúcula se dá bem tanto em regiões tropicais quanto subtropicais –, mas seu sucesso se deve mesmo à velocidade de desenvolvimento: do plantio à colheita são necessários de 20 dias a três meses. “É uma das hortaliças mais fáceis de plantar e a melhor forma de cultivá-la é a partir da semente”, explica a herborista Sabrina Jeha, da Sabor de Fazenda (www. sabordefazenda.com.br).

No Brasil, os cultivares mais conhecidos são ‘Antonella’, ‘Cultivada’, ‘Donatella’, ‘Gigante de Folha Larga’ e ‘Rokita’, que apresentam pequenas variações no formato das folhas e no tempo que demoram para atingir o ponto certo para o consumo. Todos eles podem ser plantados tanto em canteiros quanto em jardineiras com pelo menos 15 cm de profundidade – o essencial é que sejam mantidos sob sol pleno. “Prepare um substrato fértil e bem drenado – partes iguais de terra de jardinagem, composto orgânico e areia são uma boa pedida –, abra linhas com cerca de 0,5 cm de profundidade e 20 cm de espaçamento, e distribua as sementes”, aconselha Sabrina.

As flores da rúcula também podem ser usadas na salada. Quando elas despontam, as folhas já não estão mais no ponto para o consumo

Seis dias após o plantio, começam a despontar os primeiros brotos e, quando as mudas estiverem com cerca de 10 cm, já é possível fazer o desbaste, que é a remoção de alguns brotos de modo a abrir espaço para o crescimento dos demais. “Esses brotinhos retirados não vão para o lixo: podem ser aproveitados na baby leaf, aquela salada feita com folhinhas pequenas das hortaliças. Fica uma delícia!”, diz a herborista.

Dois modos de colheita

Existem duas formas de colher a rúcula: cortando o pé todo de uma vez – nesse caso ela volta a brotar três vezes, garantindo a produção da hortaliça por até um ano –; ou retirando as folhas aos poucos, conforme a necessidade. No início, as folhas são tenras, mas com o passar do tempo vão ficando mais rígidas e amargas, um sinal de que a floração se aproxima e, com ela, o fim do ciclo da planta. “A gente quase não vê a rúcula florida porque ela é colhida antes. Quando o pendão desponta, as folhas já não estão mais boas para o consumo”, explica Sabrina.

A herborista, no entanto, ressalta que as pequenas flores brancas ou amareladas, que se agrupam em inflorescências de até 60 cm de altura, também são comestíveis e podem ser usadas cruas nas receitas. “O sabor é ardidinho, exatamente como o das folhas”.

Depois da floração, a rúcula dá origem a frutinhos secos. Basta coletá-los e depois plantá-los, dando assim origem a uma nova produção da hortaliça.

Água na medida certa

Embora se adapte tanto ao clima tropical quanto ao subtropical, a rúcula tem preferência por temperaturas mais amenas, entre 16 ºC e 22 ºC. No Sul e no Sudeste, ela pode ser cultivada o ano todo, sem restrições. Já no Nordeste, Norte e Centro-Oeste é melhor evitar o plantio na primavera e no verão, pois o excesso de calor costuma deixar as folhas mais amargas, além de estimular uma floração precoce.

Vinte dias após o plantio já dá para iniciar a colheita. Você pode cortar o pé todo de uma vez ou retirar as folhas aos poucos

A espécie dispensa adubações – um solo bem preparado antes do plantio é suficiente para mantê-la bem nutrida durante todo o ciclo –, mas requer atenção às regas, que só devem ser feitas quando o substrato estiver seco. “A melhor forma de descobrir se é hora de molhar é tocando com o dedo e sentindo se ainda está úmido”, aconselha Sabrina.

Com os devidos cuidados, sua rúcula crescerá saudável e livre de fungos e bactérias. E você poderá se orgulhar de colher no jardim de casa as folhas para sua salada, pizza, suco verde ou para preparar o delicioso pesto da chef Cléo Martins (www.gourmetdahorta.com.br).

Pesto de rúcula

Ingredientes
• 1½ maço de rúcula
• 200 g de amendoim-cavalo cru e com casca
• ½ xícara de azeite extravirgem
• 1 dente de alho
• 1 pitada de sal marinho integral
• Suco de limão fresco a gosto (opcional)

Foto: Cléo Martins (chef e autora do livro Cozinhar com Arte, Intuição & Amor ), www.gourmetdahorta. com.br; produção: Beth Macedo; foto: Tomaz Vello; receita da Coleção Vegetarianos Lanches e Petiscos

Modo de preparo
Lave os amendoins e hidrate-os por oito horas ou mais em água abundante. Descarte a água, lave-os novamente em água corrente, retire a pele e reserve. Lave as folhas da rúcula, seque-as bem e reserve. Coloque no liquidificador o amendoim, o sal, o alho e o azeite. Triture parando de tempos em tempos e mexendo com uma espátula. Quando o amendoim estiver todo quebrado, junte as folhas de rúcula e triture até obter um creme homogêneo. Transfira para um pote e use o creme como patê ou como molho para espaguete.

Rúcula em detalhes

  • Nome científico: Eruca sativa
  • Nome popular: rúcula
  • Família: brassicáceas
  • Origem: região do Mediterrâneo e Ásia Ocidental
  • Características: herbácea e comestível de ciclo anual ou bianual. Mede até 40 cm de altura
  • Folhas: verde-escuras, alongadas e recortadas, formando touceiras
  • Flores: de coloração branca ou creme, medem de 2 cm a 4 cm, contam com quatro pétalas e se agrupam em inflorescências de até 60 cm de altura. São comestíveis e têm sabor levemente picante, igual ao das folhas
  • Frutos: são secos, deicentes e em formato de síliqua (se abrem dos dois lados, mas as sementes se mantêm presas na porção central)
  • Luz: sol pleno
  • Solo: bem drenado, rico em matéria orgânica, fértil e com acidez baixa Clima: tropical e subtropical
  • Regas: sempre que o solo estiver seco
  • Plantio: preencha o canteiro ou um vaso de pelo menos 15 cm de profundidade com uma mistura de partes iguais de terra, areia e composto orgânico. Abra linhas com 0,5 cm de profundidade e distribua as sementes – o espaçamento entre as linhas deve ser de 20 cm. Regue com um pulverizador até o solo ficar bem úmido. As sementes devem germinar em seis dias e, dentro de 20 dias, já é possível começar a colher
  • Reprodução: por sementes
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