Violetas-africanas nunca saem de moda e, não por acaso, existem milhares de variedades. Muitas ainda inéditas.

TEXTO JANETE TIR | FOTOS VALERIO ROMAHN

Elas estão entre as plantas ornamentais mais vendidas do mundo. Essa popularidade rendeu diversos estudos, cruzamentos e mais de 6 mil variedades da violeta-africana (Saintpaulia ionantha).

Os primeiros registros da planta remontam ao Barão Walter von Saint Paul-Illaire (1860-1910), que encontrou a planta na Tanzânia em 1892 e enviou sementes dela para o seu pai, um botânico amador, na Alemanha. A partir daí, a espécie recebeu nomenclatura científica em homenagem ao seu descobridor e as variedades não pararam de surgir. Cruzamentos possibilitaram o aparecimento de flores bem diferentes daquela violeta original, que era roxa escura. Apareceram variedades bicolores, com bordas onduladas, maior resistência e número de flores…

Saintpaulia ionantha ‘Optimara Michelangelo’

Os estudos foram tantos que, em 1984, o projeto Space Violet, da empresa Holtkamp Greenhouses em parceria com a Nasa, nos Estados Unidos, mandou 25 mil sementes de Saintpaulia ionantha, literalmente, para o espaço. Depois da viagem de seis anos e 1,2 milhão de quilômetros em volta da Terra, as sementes voltaram e renderam plantas bem mais resistentes e que florescem o ano todo. São essas as matrizes da marca norte-americana Optimara, que são cultivadas no Brasil pela De Wit. A empresa tem duas
fazendas com 12.200 m2 de estufas só para a produção de violetasafricanas. “São comercializadas 50 mil unidades por semana, pela cooperativa Velling, de Holambra. O restante das mais de 20 variedades produzidas pela empresa é exportado com o nome de Saint Paul”, diz Silvia Buglia, do departamento comercial da empresa.

É um mercado que não para de crescer. No topo da lista das mais vendidas, está a tradicional violeta roxa-escura, seguida da branca e, dependendo da época do ano, sobe ao pódio também a lilás.

Saintpaulia ionantha ‘Optimara Michele’

Como plantar

As violetas africanas são, ao mesmo tempo, delicadas e rústicas. Precisam de cuidados simples, mas constantes. Um deles é regar de duas a três vezes por semana, no verão, e uma vez no inverno. E nunca deixar a água que sobrou da rega no pratinho, porque a umidade constante é um paraíso para os fungos que causam apodrecimento das raízes. Por isso, o melhor vaso para essas plantas é o de barro, que ajuda na absorção da água.

Para dar mais flores, é bom retirar as folhas mais velhas da violeta, e também adubar mensalmente com NPK 10-10-10, na proporção de 1 g por litro de água. As folhas destacadas da planta podem render novas mudas com um processo bem simples: coloque os cabinhos das folhas sobre um vaso com terra úmida e nunca afunde o talo na terra.

Em poucas semanas, a folha solta uma raiz e após quatro meses começam a aparecer novas folhinhas.

Existem por volta de 6 mil variedades de violetas

As mudas recém-formadas podem ser plantadas numa mistura de duas partes de terra de jardim ou terra vegetal, duas partes de húmus de minhoca e uma parte de areia – ou materiais que ajudem na drenagem, como fibra de coco, lascas de pínus ou vermiculita.

As violetas nunca devem receber sol direto, pois suas folhas são frágeis e queimam com facilidade. Prefira locais sob meia-sombra, mas com bastante luz indireta e temperatura entre 16ºC e 28ºC. Só assim as violetas permanecem floridas o ano inteiro – quando uma flor murcha, outra já começa a abrir.

Se qualquer um desses fatores não for respeitado, a planta pode ser atacada por tripes, ácaros e fungos. O problema pode ser solucionado com fungicidas e acaricidas encontrados em lojas de produtos agrícolas.

Estufa da produção de violetas em Holambra

Pronto. Seguindo os cuidados essenciais, já é possível começar uma bela coleção de violetas. Até porque uma só planta não basta. Quem gosta de violetas sempre está procurando novidades – o que não falta no mundo dessas plantas tão especiais.

Violeta em detalhes

Nome científico: Saintpaulia ionantha
Família: gesneriáceas
Nomes populares: violeta e violeta-africana
Origem: plantas desenvolvidas pela empresa Optimara, nos Estados Unidos
Características: herbácea perene
Porte: 10 cm a 15 cm de altura
Flores: saem de hastes finas do centro da planta com até mais de 10 flores, com até 3 cm de diâmetro cada uma. De acordo com a variedade, podem apresentar diversas tonalidades, como branco, violeta escuro, lilás, rosa e azul
Folhas: verdes e suculentas. Variam de 3 cm a 8,5 cm
Adubação: NPK 10-10-10 todo mês, na proporção de 1g por litro de água
Luz: meia-sombra, mas com muita luz indireta
Solo: rico em matéria orgânica e bem drenado
Clima: tropical. Não tolera geadas e abaixo de 15o C não dá flores
Regas: duas ou três vezes por semana no verão, e uma vez por semana no inverno. É preciso retirar o excesso de água depois das regas para a raiz não apodrecer
Propagação: estaquia das folhas

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