— Por Ana Vazzola | Fotos Valerio Romahn
Que atire a primeira pétala quem nunca cultivou uma violeta (Saintpaulia ionantha). Ou várias de uma só vez, pelo puro prazer de ver o beiral da janela todo colorido com as florzinhas que brotam sem parar em meio às folhas arredondadas e cheias de pelinhos da espécie. A herbácea baixinha, que não passa dos 15 cm de altura, é uma das mais usadas na decoração de interiores em todo o mundo. Conta com tantas variedades — só no Brasil são mais de 250 opções com pétalas brancas, violeta, lilases, azuis e até bicolores — que dá para abusar das combinações sem o risco de cair na mesmice.
Como a planta é amplamente hibridada, é natural que de tempos em tempos novas violetas surjam no mercado brasileiro. Existem até variedades tão diferentes que há quem duvide de que se trate de violetas. A dobrada, por exemplo, exibe pétalas agrupadas em rosetas que mais parecem minirrosas. São quatro cores para escolher: rosa, roxo, rosa mesclado com branco e roxo mesclado com branco.
Já a violeta-bordada tem as bordas das pétalas trabalhadas e cheias de textura. O frisado amarelo-esverdeado se destaca de tal forma do colorido das pétalas que não há como não notá-lo. Tanto a violeta-dobrada quanto a bordada têm flores mais duráveis — ficam abertas por mais de um mês, contra os cerca de 25 dias da violeta comum — e resistem melhor a pragas e ao contato com a água. É um motivo a mais para apostar nessas novidades na decoração.
ENFEITE DENTRO DE CASA
As violetas gostam de locais abrigados, onde fiquem protegidas do sol e da chuva. Daí serem tão populares na decoração. É que, enquanto a exposição direta dos raios solares queima a folhagem das plantas, o contato com a água faz as flores melarem e murcharem.
Elas são compradas em vasinhos e podem ser mantidas no próprio recipiente, que é acomodado em cachepôs, para ficar com um acabamento mais bonito. Outra opção é colocar vários vasinhos dentro de uma jardineira e cobrir tudo com casca de pínus, escondendo os recipientes. Assim, quem olha tem a impressão de que as flores foram plantadas direto na jardineira.
Se preferir, você pode ainda transplantar a violeta para vasos maiores. A recomendação nesse caso é optar pelos vasos de barro, que evitam o acúmulo de água e o apodrecimento das raízes, e preenchê-los com substrato bem drenado, como terra vegetal leve.
FLORES O ANO TODO
Para ter violetas sempre floridas, regue-as três vezes por semana no verão e uma vez no inverno. O produtor Ricardo Oude Groeniger ensina como fazer isso. “Durante a florada molhe apenas o substrato para não melar as flores. Quando elas caírem, regue a planta toda, deixando a água escorrer pela folhagem”. Outra dica do especialista é usar sempre água ligeiramente morna — pode ser a do chuveiro — nas irrigações: “A água fria acaba manchando as folhas da planta”, justifica.
Se não quiser despejar a água direto no vaso, para não correr risco de molhar as flores, coloque 1 cm de água no pratinho e deixe-a ali durante toda a noite para que a violeta a absorva pelas raízes. Só não se esqueça de retirar o excesso na manhã seguinte, pois o encharcamento leva ao apodrecimento das raízes.
A violeta também é exigente no quesito adubação: fertilizantes específicos para a espécie — eles são vendidos em garden centers e supermercados — devem ser aplicados duas vezes por semana.
Quando a planta deixa de florir, nem pense em descartar o vasinho. Groeniger ensina um truque para revigorar a espécie: é só retirar as folhas de toda a volta da violeta, inclusive os brotos novos, e deixar apenas seu miolo. Durante as três semanas seguintes, a adubação deve ser suspensa e as regas, mantidas com a frequência usual.
De quatro a seis semanas depois, a muda começará a florescer novamente, e com mais força. Esse processo pode ser repetido até três vezes no mesmo vasinho. Após esse prazo, a medida perde o efeito. O jeito então é separar as folhas e o caule da planta para formar novas mudas.
A violeta é bastante suscetível ao ataque de fungos causados pela umidade. Um deles é o da antracnose, que deixa as folhas e flores escuras. Se a sua planta for infectada, o melhor a fazer é descartá-la e substitui-la por outra. Isso porque os fungicidas capazes de tratar a doença só são vendidos com receita de um engenheiro agrônomo. Os vasinhos de violeta são fáceis de encontrar em garden centers e supermercados e custam cerca de R$ 2,50.
VIOLETA EM DETALHES
• Nome científico: Saintpaulia ionantha
• Nomes populares: violeta-africana, violeta
• Família: gesneriáceas
• Origem: a espécie-tipo é nativa da Tanzânia e os híbridos foram desenvolvidos a partir de melhoramentos genéticos
• Características: herbácea perene que atinge até 15 cm de altura
• Folhas: de textura aveludada, devido à fina pelugem que as encobre, elas são largas, ovaladas e verde-escuras
• Flores: despontam praticamente o ano todo no topo das hastes florais. Pequenas, de até 3 cm de diâmetro, elas podem ter pétalas simples, dobradas ou bordadas. São encontradas em uma grande variedade de cores, entre as quais branco, roxo, lilás, rosa, azul e bicolores. Conforme a variedade da violeta, podem durar até um mês e meio
• Solo: solto, poroso e bem drenado
• Luz: meia-sombra
• Clima: tropical
• Regas: três vezes por semana durante o verão e uma vez por semana no inverno, com água ligeiramente morna. Quando a planta estiver florida, molhar apenas o substrato e evitar o contato da água com as flores
• Plantio: a violeta geralmente é mantida no vaso em que é vendida, acomodado em cachepôs ou jardineiras. Outra opção é transplantá-la para vasos grandes de barro, preenchidos com terra vegetal leve
• Adubação: aplicar duas vezes por semana fertilizantes específicos para violetas
• Propagação: por estaquia das folhas