Foto Dina Rogatnykh_Shutterstock

Texto: Sabrina Jeha

Às vezes, todo um grupo de plantas pode passar despercebido até que uma delas, como a Begonia maculata, muda tudo

Quando você fecha os olhos e pensa numa planta querida pela sua avó, pela sua mãe, ou uma planta que, entra ano, sai ano ela está lá, firme e forte, qual espécie vem à cabeça?
Para mim, na hora vem a imagem de duas plantas: a avenca e a begônia, mais especificamente alguns vasos de Begonia bowerae ou popularmente chamada de begônia-boveri ou ainda begônia-preta que tinha, e ainda tem, na casa da minha mãe. São alguns vasos de barro — lindamente adornados com musgos que o tempo ajudou a criar — com essas plantinhas com folhagens diferentes, que, ao final do inverno, início da primavera, sempre carregam cachos de mimosas inflorescências cor-derosa…um amor! A verdade é que eu nunca tinha prestado atenção nesses vasos, mas foi um desses modismos dos “loucos por plantas” que me despertou para esse gênero tão espetacular, que tem mais de 1.000 espécies conhecidas.

Foto Sabrina Jeha
Begonia maculata

“As begônias eram apenas plantas de vó pra mim, até que a Begonia maculata me acordou”

Vi no Instagram a lindíssima Begonia maculata, “acordei” e passei a olhar com atenção para essa planta, me perguntando como ela tinha passado desapercebida até então. Para quem não está ligando o nome à pessoa (rsrsrs), a Begonia maculata é aquela begônia pop star, que tem pintinhas brancas nas folhas (o significado de maculata é pintada, manchada), folhas alongadas, discolores (de um lado verde com bolinhas brancas, de outro um vinho intenso) e que, ao final do inverno, solta inflorescências brancas ou róseas.

Quando uma planta entra na moda, o valor de uma muda vai para as alturas. Esperei a coisa baixar um pouco de preço e foi nesse período que meu despertar amadureceu, digamos assim. Comecei a enxergar outras espécies de begônias que estavam lá, bem na minha cara e que eu via apenas como um maciço de “plantas de vó”, sem conseguir separar uma da outra.

Foto Sabrina Jeha
Begonia ‘Cleopatra’

Descobri a beleza de cada uma das tantas espécies maravilhosas que estavam bem debaixo do meu nariz: begônia-asa-de-anjo (B. coccinea); begônia-prata (B. aconitifolia); a “louquíssima” begônia-cruz-de-ferro (B. masoniana); entre outras tantas. Assim, finalmente, consegui valorizar os tão amados vasos da minha mãe com as begônias-bovérias.
O tempo passou e a B. maculata se popularizou, achei uma promoção e, uhuuu, investi num pote pequeno com a minha linda planta petit poa! Uma alegria! Transplantei para um vaso médio e ela foi muito bem, deixando minha sala mais linda do que nunca.

O cultivo é simples: assim como muitas outras begônias, deve ser cultivada em um local protegido de ventos frios, sob meia-sombra — sol da manhã ou final da tarde e bem iluminado —, substrato rico em matéria orgânica, imitando o solo de uma mata tropical, de onde ela é nativa. A rega deve ser pelo menos duas vezes por semana; o solo deve ficar sempre úmido, mas nunca encharcado; e muito cuidado para não regar as folhas, pois elas são susceptíveis a fungos, principalmente nas estações frias. E você? Já teve um despertar para uma planta que sempre te acompanhou, mas você nunca a enxergou?

A ESPECIALISTA

SABRINA JEHA é geógrafa e herborista do viveiro de ervas Sabor de Fazenda e produtora do conteúdo por trás do @umahortabrotou.

Foto Sabrina Jeha
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