Além de pertencerem à mesma família, macieiras, cerejeiras e outras rosáceas têm em comum a florada estonteante
TEXTO ANA LUÍSA VIEIRA | FOTOS VALERIO ROMAHN
Cerejeira, macieira, espinheiro… os nomes populares dessas árvores remetem a frutos e até aos espinhos presentes em seus ramos mas, no jardim, quem chama mesmo a atenção é a florada exuberante que elas proporcionam. Integrantes da família das rosáceas – a mesma das roseiras –, essas espécies protagonizam um espetáculo na primavera, quando, de uma hora para outra, suas copas são tomadas por uma quantidade impressionante de flores.
Mas para apreciar o espetáculo, só mesmo viajando para fora do Brasil. É que todas essas espécies, famosas por sua beleza ornamental, são típicas de clima temperado e ainda não foram descobertas por aqui. Aliás, o frio é um fator primordial para a florada exuberante. Quanto mais baixas as temperaturas na primavera, maior é a quantidade de flores que encobre os ramos dessas plantas.
A macieira-chinesa (Malus transitoria) (1), por exemplo, arrebata qualquer um quando florida. Seus ramos, que se espalham pela paisagem, são cobertos por flores brancas. É um espetáculo difícil de esquecer.
Pintadas de branco ou rosa
A macieira-de-hupeh (Malus hupehensis) (1), que pode atingir até 12 m de altura, é outra árvore que se cobre de branco quando florida. Porém, sua copa é bem diferente da vista na macieira-chinesa. Como seus ramos não se esparramam – em vez disso, eles crescem de forma uniforme –, a espécie fica com a copa arredondada e as flores bem concentradas. Tamanha exuberância garante que, em muitos jardins, a árvore seja cultivada como ponto focal.
A cerejeira-do-Japão-Kanzan (Prunus ‘Kanzan’) (2), por sua vez, parece ter no exagero sua marca registrada. Como se não bastasse o fato de suas flores pintarem a paisagem com um tom vibrante de rosa, elas abusam na quantidade de pétalas – e se aglomeram em grupos de duas a cinco em cada inflorescência.
Rosas que nascem em árvores
Dentre as árvores da família das rosáceas, o espinheiro-inglês (Crataegus laevigata ‘Paul’s Scarlet’) talvez seja a espécie que mais se assemelha às roseiras. Não apenas por suas flores, cujo formato e cor lembram muito os das rosas – elas são compostas por pétalas sobrepostas de um tom róseo-avermelhado e nascem agrupadas em inflorescências –, mas também pelo fato de seus ramos serem cobertos por espinhos.
A espécie é mais “baixinha” que as demais rosáceas – pode atingir 6 m de altura e 5 m de diâmetro – e faz tanto sucesso na Inglaterra que é uma das árvores mais cultivadas no interior do país.
Florada dos deuses
A florada branca da cerejeira-do-japão-shirofugem (Prunus ‘Shirofugen’) é tão exuberante que tanto seu nome popular quanto o científico comparam a espécie a uma divindade. É que, em japonês, Shirofugen quer dizer “deus branco”. Basta olhar para o manto que forra a copa da árvore em época de floração para entender o motivo.
A árvore leva de 40 a 50 anos para atingir a maturidade e, entre todas as cerejeiras ornamentais, é a que floresce mais tardiamente: no meio da primavera. As flores brancas, que reúnem até 36 pétalas, nascem de botões florais rosa-claro. A cor tende a reaparecer algum tempo depois de elas desabrocharem. É o sinal de que, em breve, elas cairão das árvores e cobrirão o jardim de pétalas rosadas.