Um gênero de extremos que não pode faltar na sua coleção

Texto: Valerio Romahn Foto: Farknot Architect – Shutterstock

O gênero Maxillaria é tão diverso quanto surpreendente. Altamente colecionável, há espécies para todos os gostos. Se você é um aficionado por micro–orquídeas, vai se encantar com a Maxillaria neowiedii. Se tem preferência por orquídeas grandonas, precisa conhecer a gigante Maxillaria aurea. Agora, se sua coleção de orquídeas é composta predominantemente de espécies com flores perfumadas, não pode faltar nela a Maxillaria tenuifolia, famosa pelo seu intenso e exótico perfume de coco.
Assim é o gênero Maxillaria: de micro a gigantes com mais de 1 m, com perfumes exóticos ou dúbios. São orquídeas muito diversificadas, com morfologias muito variáveis. O gênero reúne espécies que podem ter crescimento simpodial ou monopodial, entouceiradas ou cespitosas, com rizomas curtos ou alastrantes. A maioria desenvolve pseudobulbos, algumas apenas ramicaules e outras tão somente caules, como a Maxillaria aurea. E isso tudo sem falar dos hábitos vegetativos, que podem ser epífitos, litófitos e terrestres.

Maxillaria tenuifolia – John Lindley – Edwards’s
Botanical Register – vol. 25 (1839)

A Maxillaria tenuifolia é uma das espécies mais famosas do gênero em razão do exótico perfume de suas flores: elas exalam um intenso aroma de coco. Nativa da América Central, ela forma uma touceira tão densa que seus pseudobulbos chegam a se sobrepor, como mostra a ilustração.

Mas, diante dessa miscelânea toda, existem duas características em comum entre todas as espécies do gênero Maxillaria. A primeira é muito simples e evidente: todas as espécies produzem um grande número de hastes florais, e cada uma com apenas uma única flor. E aqui vale ressaltar que, apesar da grande variação na forma e no tamanho dessas flores, as pétalas e sépalas têm uma aparência parecida entre elas. E, na média, duram 15 dias.
Já a segunda característica só é percebida por botânicos, e inspirou o nome do gênero Maxillaria, que, em latim, significa maxilar, uma alusão ao labelo articulado de algumas espécies, cujo movimento se assemelha ao de uma mandíbula. Um detalhe técnico é a presença de quatro políneas cerosas na coluna. O gênero foi proposto pelos botânicos espanhóis Hipólito Ruiz López (1754-1816) e José Antonio Pavón Jiménez (1754-1840) em 1794, tendo como espécie-tipo a Maxillaria longipetala.

Típica micro-orquídea, a Maxillaria neowiedii é nativa do Brasil — ocorre no estado da Bahia, na região Nordeste; e em todos os estados das regiões Sudeste e Sul — e também na região nordeste da Argentina.
Foto Valério Romahn
Epífita, cespitosa e de aspecto delicado, suas flores de até 1 cm de diâmetro — que podem ser amarelas ou marrom-escuras — despontam na primavera – Foto Valerio Romahn

Maxillaria em números

Atualmente, segundo a Royal Botanic Gardens –, em Kew, o gênero Maxillaria compreende 652 espécies aceitas. Exclusivo da América Latina e do estado da Flórida, a grande maioria das espécies ocorre ao longo da cordilheira dos Andes e no Brasil — segundo a Reflora (Flora e Funga do Brasil), são 115 espécies, sendo 43 endêmicas. Se você ainda não tem uma Maxillaria no seu orquidário, saiba que existem muitas espécies que podem ser facilmente adquiridas, inclusive pela internet, e elas não costumam ser caras.

Maxillaria aurea – Foto Claudia A. Medina – BioDiversity4All
Maxillaria Aurea – Foto Sebas Arango – BioDiversity4All

A Maxillaria aurea tem hábito terrestre e crescimento monopodial. Forma densas touceiras com seus caules robustos — não desenvolve pseudobulbos —, inicialmente eretos, de até 1 m de altura, e prostrados com o tempo devido ao peso. As folhas se desenvolvem de forma dística na metade superior do caule, e, a partir das axilas, despontam em profusão curtas hastes com pequenas flores amarelo-ouro. É nativa de regiões de altitude da Floresta Amazônica.

Valerio Romahn é autor de dezenas de livros, entre eles A Grande Enciclopédia Natureza de Plantas para o Jardim. É também fotógrafo especializado em paisagismo e Botânica, jardinista e o editor da coleção Mestre das Orquídeas, entre várias outras atividades ligadas à Natureza.

[wpcs id=9559]