Entenda como evitar a queda das flores e alguns cuidados para ter lindos frutos

TEXTO: Edilson Giacon | FOTO: Konstantinos Livadas – Shutterstock

Tudo vai aparentemente bem, a planta está saudável, mas as flores caem antes de amadurecer e virar frutos. Frutíferas com frutos que não vingam são um problema bem comum entre os clientes que me procuram no viveiro. Para ter frutos grandes e saborosos é preciso entender como eles surgem e se desenvolvem e conferir se você está fazendo tudo certinho, até quando não há com o que se preocupar.

Macieiras, pereiras, e outras espécies de frio, precisam de dormência e até estresse hídrico para florescerem. Por isso, no Nordeste brasileiro podem não frutificar
FOTO: Burakova_Yulia – Shutterstock

O aborto das flores de frutíferas novas é comum e natural nos primeiros anos de plantio, principalmente plantas de frutos grandes, como a graviola, a jaca e outras. As que carregam muito, como o canistel, a carambola e a sapota, também sofrem com esse problema. Nos anos seguintes, isso não deve acontecer mais, porém, se persistir, é importante atentar para a adubação e aplicar fertilizantes ricos em fósforo e potássio.

Frutíferas nativas de regiões frias introduzidas em lugares de clima quente (onde não ocorrem períodos necessários para a dormência da planta) podem até florescer, mas naturalmente vão perder muitas flores e os frutos dificilmente vão vingar. É importante respeitar as necessidades da frutífera e não forçá-la a dar frutos onde não é da sua natureza. No entanto, para quem faz questão de tê-las no pomar, podem tentar as variedades adaptadas a climas mais quentes.

Flor da Carambola | FOTO: Peace-loving – Shutterstock

Doenças fúngicas causam, muitas vezes, o aborto das flores. É primordial ficar atento ao início de qualquer sinal para tratar rapidamente. Resolve o problema fazer a poda dos ramos finos, o desbastar as folhas para arejar a copa e investir no uso de fungicidas.

Para ter frutos saudáveis no pomar, fique atento a qualquer sinal de doenças, principalmente as fúngicas FOTO: Anas Zuberi – Shutterstock

Se há algum desequilíbrio ambiental com a falta de flores atrativas ou melíferas na região onde as frutíferas se encontram, isso pode promover o desinteresse de insetos polinizadores pelo entorno do pomar. Faça a sua parte e plante em volta das espécies o máximo de plantas atrativas a abelhas, pássaros e beija-flores.

Mamangava na flor do maracujá

Pesquisar se a sua frutífera é hermafrodita ou dioica é muito importante para ter sucesso com a produção de frutos do pomar. As hermafroditas têm flores masculinas e femininas na mesma planta e, na maioria dos casos, frutificam sozinhas. Já as dioicas têm flores com órgãos de sexos distintos em árvores separadas e precisam ser cultivadas aos pares ou até com mais exemplares juntos. Nesse caso, é importante ter, pelo menos, um exemplar masculino para polinizar até oito femininas. Do contrário, as plantas vão até florescer, mas não darão frutos.
Alguns exemplos de plantas dioicas:

  • Pinhão (Araucaria angustifolia)
  • Kiwi (Actinidia spp.)
  • Jenipapo (Genipa spp.)
  • Noz-pecan (Carya illinoinensis)
  • Castanha-portuguesa (Castanea sativa)
  • Caqui-FUYÚ (Diospyros kaki)

Para a arborização urbana

Adoro a árvore-flamejante-rosa (Brachychiton discolor) e, sempre que me perguntam sobre uma espécie para plantio na arborização urbana, gosto de indicá-la. Também conhecida como braquiquito-rosa, é uma árvore de médio porte nativa da Austrália que produz uma belíssima florada cor-de-rosa viva em forma de campanulas, durante o período de setembro a novembro. É muito rústica, tem raízes curtas e tronco fino também muito ornamental. Para cultivá-la, escolha calçadas largas de 3 m ou mais e local sem fiação elétrica, sob sol pleno. Ela fica linda também em praças e parques públicos.

Abra um berço no chão para completar com terra boa de jardim. Reserve uma muda com 1 a 1,5 m de altura e procure tutorá-la até que se estabeleça no chão. Nos primeiros meses de plantio, vale regar a planta a cada dois dias ou quando perceber que o solo está bem seco. Depois de estabelecida, a árvore deve se manter por conta própria, mas, se quiser garantir uma boa florada, promova adubações anuais com algum fertilizante químico ou orgânico com fósforo na formulação.

A árvore-flamejante-rosa tem tronco reto, colunar e as raízes não costumam ser superficiais, podendo ser plantada em calçadas mais largas e livres de fiação elétrica | FOTO: Bar Photos – Shutterstock
Suas flores são lindas e nascem de setembro a novembro em forma de pequenos sinos cor-de-rosa
FOTO: Eleonora Scordo – Shutterstock

Falta de espaço não é problema para colher batatas-doces no jardim. É só seguir este procedimento:

  1. Reserve um saco de farinha de 60 kg. Faça furos pequenos no fundo, enrole a boca dele até 1/5 do seu comprimento. Coloque terra boa de jardim no fundo e acomode ramas compridas de batata-doce de 1 m de comprimento mais ou menos. Mantenha sob sol e regue até enraizar.
Ilustração: Laura Lima

2. Conforme as ramas forem enraizando, vá desenrolando o saco e o completando com terra até ficar cheio. As ramas vão crescer e encorpar e em cerca de oito meses as folhas devem secar e cair. Essa é a hora de colher o seu saco cheio de batatas!

Ilustração: Laura Lima

Edilson Giacon tem mais de 40 anos de experiência na produção de espécies ornamentais, frutíferas, nativas e plantas em risco de extinção. É proprietário da Ciprest Mudas e Plantas.

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