TEXTO: Eduardo Gonçalves FOTOS: Acervo Revista Natureza

Grama-amendoim (Arachys repens)

As gramíneas classificadas como “gramas” são as únicas espécies usadas no paisagismo que podem ser moderadamente pisoteadas sem perdas visíveis. Isto as coloca em um patamar único, já que são, virtualmente, insubstituíveis. Entretanto, há situações em que é necessário simular o efeito de um gramado sem que as gramas verdadeiras sejam utilizadas — geralmente isso acontece em áreas sombreadas ou onde a escassez de água é um problema.

É aí que entram as forrações rasteiras, espécies de inúmeras famílias botânicas que associam o crescimento que cobre completamente o solo com um porte similar aode um gramado. Algumas são tão usadas para tal fim que acabaram se tornando “gramas” honorárias, como, por exemplo, a grama-amendoim (Arachys repens) e a grama-preta (Ophiopogon japonicum).

Em alguns casos, a substituição de parte da grama por alguma forração rasteira também é uma saída para reduzir a manutenção ou até mesmo acrescentar outras cores no gramado. Ainda que não tenham o poder de suportar pisoteio, essas forrações são parceiras importantes dos gramados.

Grama-preta (Ophiopogon japonicus)

FORRAÇÕES PARA ÁREAS SOMBREADAS

Elas são ótimas para plantar sob as copas das árvores e em outros cantos onde o sol quase não alcança.

Grama-preta (Ophiopogon japonicus) : Tanto a forma original quanto a forma anã são excelentes para cobrir o chão em locais onde a luz não permite as espécies usuais de grama. E ainda têm a vantagem de apresentarem uma textura bastante convincente de
gramado, mesmo que não possam ser podadas. A cor verde bem escura também é peculiar, daí o nome popular.

Dinheiro-em-penca (Pilea nummulariifolia) : É uma ótima espécie para cobrir o chão em locais sombreados, ainda mais por conta do verde levemente amarelado e brilhante de suas folhas. Apesar da textura ser bem diferente da de um gramado, a cobertura densa sobre o solo compensa.

Dinheiro-em-penca (Pilea nummulariifolia)

CORES OU TEXTURAS ALTERNATIVAS

Com cores ou texturas diferentes, estas espécies quebram a monotonia do gramado sempre que necessário.

Periquito-vermelho (Alternanthera ficoidea ‘Bettzickiana’)

Periquito-vermelho (Alternanthera ficoidea ‘Bettzickiana‘)

A espécie pode variar do rosa ao bordô, dependendo do cultivar usado e, também, da quantidade de sol disponível. Com bastante sol, o efeito de cor é incrível. É uma planta que suporta até algum alagamento, mas não vai tão bem se não houver com bastante água disponível.

Gota-de-orvalho (Evolvulus pusillus)

Esta planta permite uma textura incrível, pintalgada de pequenas flores brancas. Quando bem desenvolvida, adquire a aparência de um belo gramado coberto de gotas. Ainda tem a vantagem de suportar períodos secos com uma resistência acima do esperado para uma planta tão delicada.

Gota-de-orvalho (Evolvulus pusillus)
Grama-amendoim (Arachys repens)

Grama-amendoim (Arachys repens)

De tão conhecida, dispensa muita apresentação. Seu uso como substituta dos gramados é tão comum que ela ganhou até o nome popular de “grama”. Tem flores amarelas abundantes, não suporta pisoteio, mas também não exige podas. Tem sido muito usada como cobertura em beiras de rodovias, por exemplo.

Lambari-roxo (Tradescantia zebrina ‘Purpusii’)

Diferentemente da forma original, esta variedade de lambari-roxo é especialmente adaptada ao uso sob sol pleno, sendo valiosa para se obter uma ampla cobertura deste tom roxo, que dispensa podas. Entretanto, seu caráter suculento a torna pouco útil para áreas onde há pisoteio.

Lambari-roxo (Tradescantia zebrina ‘Purpusii’)

JARDINS XEROFÍTICOS

Por aguentarem longos períodos de estiagem, essas plantas são ótimas para locais aonde a água não chega, seja por razões climáticas, seja pela falta de uma torneira por perto.

Rosinha-de-pedra (Mesembryanthemum cordifolium)

Rosinha-de-pedra (Mesembryanthemum cordifolium)

Caso precise de uma campeã de resistência, esta é sempre minha primeira sugestão. Depois de enraizada, poucas coisas conseguem atrapalhar seu crescimento. A rosinha-de-pedra é capaz de suportar calor extremo, seca prolongada e até algum frio, tudo sem deixar de florir. Creio que a única coisa capaz de pará-la é a combinação de sombra e solo alagado, mas nada disso costuma ser comum em jardins xerofíticos.

Bulbine (Bulbine frutescens)

Está aí uma espécie que anda meio fora de moda, mas que já foi muito usada nos jardins em locais mais secos. Vegetativamente, ela lembra uma planta de cebolinha, cujas folhas foram recheadas com um tipo de baba. As flores amarelas ou alaranjadas são produzidas em pequenos cachos e são especialmente delicadas, acrescentando um atrativo especial ao conjunto.

Bulbine (Bulbine frutescens)

Sedum-mexicano (Sedum mexicanum)

Apesar de ser bastante utilizado no Sul do País, o sedum-mexicano ainda não é muito difundido no paisagismo brasileiro. A coloração da folhagem é bastante atrativa, por conta do tom verde amarelado, e a planta é muito resistente à seca, suportando também bastante frio. As flores são bem amarelas, mas acabam tendo pouco destaque sobre as folhas, ainda que deixem o aspecto geral mais brilhante.

Sedum-mexicano (Sedum mexicanum)

O ESPECIALISTA

EDUARDO GONÇALVES É doutor e botânica e paisagista, autor de dezenas de reportagens de capa da Revista Natureza e autor de diversos livros de botânica e paisagismo.